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São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 2003

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Pivô de acusações é apadrinhado pelo ministro

RANIER BRAGON
LEONARDO WERNER
DA AGÊNCIA FOLHA

Pivô do caso que causou o primeiro abalo no ministério de Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Aelton Freitas (PL) chegou hoje ao cargo que ocupa no Congresso graças ao apadrinhamento político que recebeu do ministro dos Transportes, Anderson Adauto.
Ex-prefeito da pequena Iturama (1993-1996), no Triângulo Mineiro, Aelton é acusado de ter chefiado, nos últimos seis meses de sua administração, um esquema que desviou cerca de R$ 4 milhões dos cofres do município.
O caso voltou à tona e ameaça derrubar Adauto devido às ligações que ele mantém e manteve tanto com Aelton quanto com sócios de empresas acusadas de serem beneficiadas no esquema.
Aelton é hoje senador porque foi indicado por Adauto em 1998 para ocupar a primeira suplência do então candidato ao Senado José Alencar, hoje vice-presidente.
Na época, Adauto, Alencar e Aelton estavam no PMDB que patrocinou a candidatura de Itamar Franco ao governo do Estado.
Alencar só conheceu seu suplente a cinco dias do fim do registro das candidaturas na Justiça Eleitoral. Adauto o indicou porque o hoje vice-presidente exigiu, na época, um suplente que representasse o Triângulo Mineiro.
Eleitos Alencar e Itamar, Aelton obteve em 99, ainda por indicação de Adauto -que assumiria então a presidência da Assembléia Legislativa-, a presidência da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural).
No final de dezembro, porém, as acusações que pesam contra ele pela administração em Iturama voltariam à tona. Aelton pediu exoneração atribuindo as acusações a adversários políticos e afirmando que o processo tinha sido arquivado pelo TJ de Minas.
O certo é que o processo movido pelo Ministério Público ainda tramita no STJ. Aelton responde também, pelo mesmo motivo, a uma ação popular que tramita na comarca de Iturama, pedindo o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 1,4 milhão.
Além das acusações de desvio, Aelton também já foi processado pela Justiça Eleitoral por abuso de poder econômico nas eleições de 1992, quando pertencia ao PSB.
Ele tomou posse no ano seguinte com um mandado de segurança em mãos e, em posterior recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), derrubou a anulação da eleição feita pela Justiça eleitoral de Minas Gerais.
A Folha tentou falar com o senador nos últimos dias, mas não obteve resposta. O advogado Paulo Eduardo Almeida de Mello, que consta no STJ como o representante jurídico do senador, disse à Agência Folha que Aelton não é mais seu cliente e afirmou não saber quem é o novo advogado.
O secretário-geral do PL em Minas, Fábio Caldeira, afirmou que o partido confia na inocência de Adauto no caso Iturama. Segundo ele, o partido não cogita nem mesmo um nome para substituir o ministro.


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