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Pivô de acusações é apadrinhado pelo ministro
RANIER BRAGON
LEONARDO WERNER
DA AGÊNCIA FOLHA
Pivô do caso que causou o primeiro abalo no ministério de Luiz
Inácio Lula da Silva, o senador
Aelton Freitas (PL) chegou hoje
ao cargo que ocupa no Congresso
graças ao apadrinhamento político que recebeu do ministro dos
Transportes, Anderson Adauto.
Ex-prefeito da pequena Iturama
(1993-1996), no Triângulo Mineiro, Aelton é acusado de ter chefiado, nos últimos seis meses de sua
administração, um esquema que
desviou cerca de R$ 4 milhões dos
cofres do município.
O caso voltou à tona e ameaça
derrubar Adauto devido às ligações que ele mantém e manteve
tanto com Aelton quanto com sócios de empresas acusadas de serem beneficiadas no esquema.
Aelton é hoje senador porque
foi indicado por Adauto em 1998
para ocupar a primeira suplência
do então candidato ao Senado José Alencar, hoje vice-presidente.
Na época, Adauto, Alencar e
Aelton estavam no PMDB que patrocinou a candidatura de Itamar
Franco ao governo do Estado.
Alencar só conheceu seu suplente a cinco dias do fim do registro das candidaturas na Justiça
Eleitoral. Adauto o indicou porque o hoje vice-presidente exigiu,
na época, um suplente que representasse o Triângulo Mineiro.
Eleitos Alencar e Itamar, Aelton
obteve em 99, ainda por indicação
de Adauto -que assumiria então
a presidência da Assembléia Legislativa-, a presidência da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural).
No final de dezembro, porém,
as acusações que pesam contra ele
pela administração em Iturama
voltariam à tona. Aelton pediu
exoneração atribuindo as acusações a adversários políticos e afirmando que o processo tinha sido
arquivado pelo TJ de Minas.
O certo é que o processo movido pelo Ministério Público ainda
tramita no STJ. Aelton responde
também, pelo mesmo motivo, a
uma ação popular que tramita na
comarca de Iturama, pedindo o
ressarcimento aos cofres públicos
de R$ 1,4 milhão.
Além das acusações de desvio,
Aelton também já foi processado
pela Justiça Eleitoral por abuso de
poder econômico nas eleições de
1992, quando pertencia ao PSB.
Ele tomou posse no ano seguinte com um mandado de segurança em mãos e, em posterior recurso ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), derrubou a anulação da
eleição feita pela Justiça eleitoral
de Minas Gerais.
A Folha tentou falar com o senador nos últimos dias, mas não
obteve resposta. O advogado Paulo Eduardo Almeida de Mello, que
consta no STJ como o representante jurídico do senador, disse à
Agência Folha que Aelton não é
mais seu cliente e afirmou não saber quem é o novo advogado.
O secretário-geral do PL em Minas, Fábio Caldeira, afirmou que
o partido confia na inocência de
Adauto no caso Iturama. Segundo ele, o partido não cogita nem
mesmo um nome para substituir
o ministro.
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