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Policial agredido comprou lote em PE
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O sargento da Polícia Militar de
Pernambuco Cícero Jacinto da
Silva, agredido e mantido refém
em um assentamento controlado
pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em
Quipapá (200 km de Recife),
comprou um lote em um outro
assentamento no Estado, prática
considerada ilegal pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária).
A irregularidade foi constatada
durante inspeção realizada no assentamento Riachão, em Bonito
(120 km de Recife), por uma equipe do instituto chefiada pela superintendente do órgão na capital,
Maria de Oliveira.
O técnicos verificaram que o
sargento adquiriu o lote 23, de 7
hectares, em 2004, onde estava
construindo uma casa. A região é
valorizada por ficar próximo de
cachoeiras. O assentamento é
controlado pelo MST.
Segundo o Incra, a gleba pertencia ao agricultor Adilson Pedro da
Silva, que não mora mais na comunidade. O valor supostamente
pago pela terra não foi apurado.
A comercialização ilegal da terra destinada a reforma agrária pelo sargento já havia sido denunciada ao Incra em novembro por
um funcionário do instituto lotado em Ribeirão (100 km de Recife). Ele informou que Silva o havia
procurado para tentar regularizar
sua situação no assentamento.
No dia 14 de fevereiro, o ex-dirigente do MST José Ricardo de
Oliveira Rodrigues, suspeito de
envolvimento no conflito que resultou na agressão ao sargento e
no assassinato do soldado da PM
Luiz Pereira da Silva, também denunciou o policial pela compra do
lote, em entrevista à Folha.
O sargento não concedeu entrevista. O major Sillas Charamba,
comandante do 10º Batalhão da
PM, onde ele trabalha, disse que o
policial nega ter adquirido o terreno. "Compete agora ao Incra apurar", declarou o oficial.
O Incra informou que vai notificar o sargento para que desocupe
a área. O Ministério Público Federal e as polícias Civil e Militar também serão informados.
De acordo com o instituto, após
o fim do processo, o assentado
que vendeu a gleba será excluído
do processo de reforma agrária
no país. O sargento perderá o lote,
que irá para um sem-terra.
A superintendência do Incra em
Recife não comentou a possibilidade de o crime ocorrido em Quipapá, no dia 5, estar ligado à comercialização irregular de terra.
Ao "Jornal do Commercio", de
Recife, dois lavradores, José Luiz
Alexandre da Silva Filho e Nilson
Balbino da Silva, declararam ter
sido os autores do homicídio.
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