São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 2005

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Policial agredido comprou lote em PE

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O sargento da Polícia Militar de Pernambuco Cícero Jacinto da Silva, agredido e mantido refém em um assentamento controlado pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Quipapá (200 km de Recife), comprou um lote em um outro assentamento no Estado, prática considerada ilegal pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
A irregularidade foi constatada durante inspeção realizada no assentamento Riachão, em Bonito (120 km de Recife), por uma equipe do instituto chefiada pela superintendente do órgão na capital, Maria de Oliveira.
O técnicos verificaram que o sargento adquiriu o lote 23, de 7 hectares, em 2004, onde estava construindo uma casa. A região é valorizada por ficar próximo de cachoeiras. O assentamento é controlado pelo MST.
Segundo o Incra, a gleba pertencia ao agricultor Adilson Pedro da Silva, que não mora mais na comunidade. O valor supostamente pago pela terra não foi apurado.
A comercialização ilegal da terra destinada a reforma agrária pelo sargento já havia sido denunciada ao Incra em novembro por um funcionário do instituto lotado em Ribeirão (100 km de Recife). Ele informou que Silva o havia procurado para tentar regularizar sua situação no assentamento.
No dia 14 de fevereiro, o ex-dirigente do MST José Ricardo de Oliveira Rodrigues, suspeito de envolvimento no conflito que resultou na agressão ao sargento e no assassinato do soldado da PM Luiz Pereira da Silva, também denunciou o policial pela compra do lote, em entrevista à Folha.
O sargento não concedeu entrevista. O major Sillas Charamba, comandante do 10º Batalhão da PM, onde ele trabalha, disse que o policial nega ter adquirido o terreno. "Compete agora ao Incra apurar", declarou o oficial.
O Incra informou que vai notificar o sargento para que desocupe a área. O Ministério Público Federal e as polícias Civil e Militar também serão informados.
De acordo com o instituto, após o fim do processo, o assentado que vendeu a gleba será excluído do processo de reforma agrária no país. O sargento perderá o lote, que irá para um sem-terra.
A superintendência do Incra em Recife não comentou a possibilidade de o crime ocorrido em Quipapá, no dia 5, estar ligado à comercialização irregular de terra.
Ao "Jornal do Commercio", de Recife, dois lavradores, José Luiz Alexandre da Silva Filho e Nilson Balbino da Silva, declararam ter sido os autores do homicídio.


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