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CASO JERSEY
Procuradoria abrirá inquérito para apurar mudança de versão sobre propina
MP vai investigar ex-acusador de Maluf
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Federal vai
instaurar inquérito para apurar os
motivos que levaram Simeão Damasceno de Oliveira a recuar das
acusações que fez contra Paulo
Maluf (PPB). Essa iniciativa será
relatada às autoridades de Jersey e
da Suíça -países que devem enviar ao Brasil documentos bancários em nome do ex-prefeito e de
seus familiares.
"Vamos comunicar a autoridades daqueles países que algo de
estranho aconteceu para essa mudança de versão e que, mesmo
com a retratação, as investigações
comprovaram tudo o que foi dito
ao Ministério Público e à Polícia
Federal", afirmou o procurador
Pedro Barbosa Neto.
O inquérito contra Simeão deverá ser aberto na próxima terça-feira e será exclusivamente para
apurar em que circunstância ele
modificou sua versão. Segundo a
Folha apurou, no final do ano
passado, Simeão já havia consultado um especialista para apurar
as possíveis consequências criminais de sua retratação.
Defesa prévia
A ação da Procuradoria da República é uma defesa prévia diante da hipótese de os advogados do
ex-prefeito encaminharem à ilha
de Jersey a declaração que isenta o
ex-prefeito de qualquer irregularidade. Para Barbosa Neto, isso
poderia "confundir" as autoridades e atrasar ainda mais o envio
de documentos ao Brasil.
Ao Ministério Público e à Polícia Federal, Simeão acusou o ex-prefeito de superfaturamento na
construção da avenida Água Espraiada e remessa ilegal de verba
para o exterior. "Os pagamentos
de propina ao ex-prefeito Paulo
Salim Maluf eram feitos em espécie, em dólar e, às vezes, em reais",
disse ele, há cerca de um ano.
No último dia 27, no entanto, Simeão foi a um cartório e, por
meio de uma escritura de declaração, modificou suas acusações:
"Não posso afirmar que o mesmo
Paulo Salim Maluf pediu, solicitou ou recebeu, inclusive por terceira pessoa, qualquer importância em dinheiro ou bem equivalente a qualquer título que seja, especialmente no de propina".
A Procuradoria tenta estabelecer um vínculo entre o dinheiro
supostamente desviado da obra e
as contas que Maluf e seus familiares mantêm em Jersey, paraíso
fiscal no canal da Mancha, com
US$ 200 milhões, conforme a Folha revelou em 2001.
O ex-prefeito Paulo Maluf sempre negou possuir contas bancárias em Jersey ou na Suíça. Seu advogado, Ricardo Tosto, disse ontem não ter a intenção de enviar a
declaração feita em cartório para
os advogados contratados por
Maluf no exterior. Disse que a retratação é importante para a ação
contra Simeão por danos morais.
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