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São Paulo, sábado, 22 de março de 2003

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Vereadora acusa PMs de racismo

JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Convidada para participar da cerimônia de instalação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, a vereadora de São Paulo Claudete Alves (PT) quase perde o vôo para Brasília após ser parada em uma blitz da PM (Polícia Militar). Seria uma caso rotineiro, não fosse o fato de ela estar em um carro oficial, ser negra e acusar os policiais de discriminação racial.
A parlamentar petista foi parada anteontem à noite quando seguia para o aeroporto de Congonhas. No carro, também estavam o motorista e um assessor da vereadora, que também é negro.
Ela participou da cerimônia como representante da Câmara Municipal de São Paulo.
Segundo a vereadora, os policias apontaram armas contra o carro em que eles estavam, agiram com truculência e gritaram, mesmo depois de ela argumentar que é vereadora e estava atrasada para pegar um vôo. Ela disse ter sido tratada pelos policiais como se fosse uma "delinquente".
A petista disse que os policias não acreditaram que ela era parlamentar, duvidaram da autenticidade do documento que ela exibiu para comprovar que era vereadora e levantaram suspeita quanto à autenticidade da placa do carro oficial que ela usava, um Voyage verde.
"Indaguei várias vezes qual era o motivo da abordagem e de tanta grosseria por parte dos policiais, mas eles nada diziam. Perguntei a eles, então, se esse tipo de atitude era pelo fato de eu ser negra e estar acompanhada também por um negro, que é meu assessor, e mais uma vez não obtive resposta", afirmou ela, que teve bolsas e o carro revistados.
Segundo o advogado da vereadora, Hédio Silva, na próxima semana será proposta uma ação criminal para buscar a punição dos PMs -a vereadora anotou pelo menos um nome do grupo de quatro policiais e a placa do carro que eles usavam.
Na ação, o advogado sustentará que os policiais cometeram crime de abuso de autoridade, constrangimento ilegal e discriminação racial durante a blitz.
Em nota, a PM informou que o caso depende de apuração e que a corporação "não cria juízo de valor antecipadamente".


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