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CONGRESSO
Estratégia legislativa do presidente da República depende de uma eventual vitória no primeiro turno
FHC reavalia apoio a revisão constitucional
KENNEDY ALENCAR
Editor do Painel
O presidente Fernando Henrique Cardoso diminuiu o gás que
dava à tramitação da emenda que
propõe um Congresso revisor em
1999 para reformar apenas algumas partes da Constituição.
O projeto em tramitação na Câmara prevê mudanças nas áreas
tributária, de política partidária e
do pacto federativo (relações entre
a União, Estados e municípios).
Quando a proposta surgiu, no final de 96, não estava claro se FHC
conseguiria aprovar as reformas
administrativa e da Previdência. O
governo então apoiou a articulação para uma revisão em 99.
Agora, com a administrativa
concluída e a da Previdência quase
pronta, o governo reavalia o assunto. A orientação do Planalto é
deixar a emenda tramitar normamente, sem incentivá-la, até estar
pronta para ser votada no plenário. Dependendo do cenário político para o ano que vem, o governo a engaveta ou não. Também
pesaram no recuo as críticas à
constitucionalidade da proposta,
mesmo com a exigência de ser autorizada por um plebiscito.
Do ponto de vista do governo, a
vantagem do Congresso revisor
seria poder mudar a Constituição
com um quórum mais fácil de ser
obtido. Hoje, para aprovar um
emenda, é preciso ter três quintos
nas duas Casas -308 dos 513 deputados federais e 49 dos 81 senadores. Na revisão, bastaria maioria absoluta -metade mais um
dos 594 parlamentares reunidos
em uma única câmara legislativa.
Auxiliares do presidente argumentam que, se FHC for reeleito,
deveria sinalizar claramente que
terá atuação administrativa mais
eficiente que no primeiro mandato-com ênfase na área social.
Por isso, seria desgastante dedicar 1999 a novas discussões constitucionais (temas que dominaram
o atual governo) e incômodo patrocinar uma medida de constitucionalidade polêmica.
Uma vitória de FHC no primeiro
turno poderia lhe dar força para
fazer algumas reformas constitucionais logo após a eleição -nos
meses de novembro, dezembro e
até janeiro, se convocar extraordinariamente o Congresso.
Uma vitória no segundo turno,
dependendo do grau de dificuldade que o presidente vier a enfrentar na campanha, poderia dificultar essa ofensiva.
Pesa contra também a avaliação
da equipe econômia de que a
maior parte da reforma tributária
poderia ser feita por meio de legislação infra-constitucional, cujo
quórum é mais fácil de ser atingido do que o das emendas.
Quanto à reforma política, seria
preciso medir a força dos partidos
após o resultado da eleição e a
vontade do governo de meter a colher de pau em um tema que desagrada setores significativos de sua
base de apoio no Congresso.
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