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Frase gera mal-entendido
de Paris e do enviado especial
A interpretação de uma frase de
Fernando Henrique Cardoso numa entrevista ao jornal francês
""Le Figaro" causou um mal-entendido ontem.
Na entrevista, FHC cita a pena
de morte como um dos meios utilizados pelo governo norte-americano na contenção da violência.
A informação chegou à Bahia
como se o presidente tivesse
apoiado a adoção da pena de
morte. Perguntado sobre o tema,
negou ser favorável à medida.
"Não falei com o "Le Figaro", mas
se ele (jornal) afirma isso, eu nego. Certamente sou contra a pena
de morte", afirmou.
Horas depois, já no meio da tarde, a assessora de imprensa da
Presidência, Ana Tavares, disse
aos jornalistas que o presidente
não se lembrava, mas realmente
dera a entrevista ao jornal francês
"há bastante tempo".
Na entrevista, que ocupou meia
página da edição de ontem do
"Figaro", o presidente classificou
a violência como "o problema
número um" do Brasil.
"No Brasil, mata-se com muita
facilidade", afirmou, dizendo em
seguida que a violência não é um
"problema sem solução".
FHC então citou o exemplo dos
Estados Unidos, que "nos anos 70
e 80 também passaram por ondas
de violência que conseguiram
controlar". "É preciso utilizar todos os meios: a prevenção, a repressão, a polícia, a justiça."
"E a pena de morte?", questionaram os jornalistas que o entrevistaram. "E a pena de morte",
respondeu o presidente.
A entrevista foi concedida aos
jornalistas Charles Lambroschini, vice-diretor de redação do "Figaro", e Cécilia Gabizon, correspondente do jornal no Rio.
De acordo com Cécilia, quando
falou sobre a pena de morte, FHC
estava se referindo ao que acontece nos Estados Unidos, e não se
manifestando favorável à adoção
da medida no Brasil.
O presidente fez críticas ao processo judicial no Brasil, dizendo
que "as leis são frequentemente
datadas e dão muita margem à
defesa, sobretudo quando os acusados são ricos".
"Com um bom advogado, pode-se fazer um processo se arrastar durante anos", disse. Também criticou o MST, dizendo ter
feito uma grande reforma agrária. "Fora de um contexto revolucionário, como no México ou na
Rússia soviética, jamais houve algo de tão radical na história."
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