São Paulo, sábado, 22 de abril de 2000


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Frase gera mal-entendido

de Paris e do enviado especial

A interpretação de uma frase de Fernando Henrique Cardoso numa entrevista ao jornal francês ""Le Figaro" causou um mal-entendido ontem.
Na entrevista, FHC cita a pena de morte como um dos meios utilizados pelo governo norte-americano na contenção da violência.
A informação chegou à Bahia como se o presidente tivesse apoiado a adoção da pena de morte. Perguntado sobre o tema, negou ser favorável à medida. "Não falei com o "Le Figaro", mas se ele (jornal) afirma isso, eu nego. Certamente sou contra a pena de morte", afirmou.
Horas depois, já no meio da tarde, a assessora de imprensa da Presidência, Ana Tavares, disse aos jornalistas que o presidente não se lembrava, mas realmente dera a entrevista ao jornal francês "há bastante tempo".
Na entrevista, que ocupou meia página da edição de ontem do "Figaro", o presidente classificou a violência como "o problema número um" do Brasil.
"No Brasil, mata-se com muita facilidade", afirmou, dizendo em seguida que a violência não é um "problema sem solução".
FHC então citou o exemplo dos Estados Unidos, que "nos anos 70 e 80 também passaram por ondas de violência que conseguiram controlar". "É preciso utilizar todos os meios: a prevenção, a repressão, a polícia, a justiça."
"E a pena de morte?", questionaram os jornalistas que o entrevistaram. "E a pena de morte", respondeu o presidente.
A entrevista foi concedida aos jornalistas Charles Lambroschini, vice-diretor de redação do "Figaro", e Cécilia Gabizon, correspondente do jornal no Rio.
De acordo com Cécilia, quando falou sobre a pena de morte, FHC estava se referindo ao que acontece nos Estados Unidos, e não se manifestando favorável à adoção da medida no Brasil.
O presidente fez críticas ao processo judicial no Brasil, dizendo que "as leis são frequentemente datadas e dão muita margem à defesa, sobretudo quando os acusados são ricos".
"Com um bom advogado, pode-se fazer um processo se arrastar durante anos", disse. Também criticou o MST, dizendo ter feito uma grande reforma agrária. "Fora de um contexto revolucionário, como no México ou na Rússia soviética, jamais houve algo de tão radical na história."


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