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Segurança abrevia a visita
do enviado especial
Nem MST nem índios nem
qualquer outro grupo de manifestantes pode ameaçar o presidente
Fernando Henrique Cardoso nas
seis horas em que ele estiver em
Porto Seguro. Essa foi a meta fixada ontem pela segurança presidencial para as comemorações de
hoje, contando que o governo da
Bahia bloqueie a chegada dos
sem-terra a Porto Seguro.
A Presidência conta com a ação
da PM baiana para barrar os sem-terra e evitar tomar a atitude mais
radical: ter de barrar até mesmo
os turistas e a população em geral
e isolar toda a área histórica de
Porto Seguro. A Folha apurou
que se for preciso, isso será feito.
"Nós trabalhamos com a idéia
de segurança como um todo, não
só a de manter a integridade física
do presidente. Nós a garantimos e
podemos colocá-lo onde ele quiser ir. O problema é quanto de
transtorno iremos causar à população, aos turistas e às pessoas que
não têm nada com o evento e que
não podem nem devem ser prejudicadas por nós", disse à Folha o
general Jorge Alves, titular da
Subchefia Militar, responsável pela segurança de FHC, justificando
os motivos para o cancelamento
da agenda presidencial.
FHC vai ficar apenas seis horas
em Porto Seguro para as comemorações oficiais do Descobrimento. A cidade está lotada de turistas. O presidente chega às 11h30
e decola às 17h30 para São Paulo.
Quando a programação começou a ser montada, há cerca de
seis meses, a idéia era que o presidente ficasse até três dias na cidade e que voltasse para assistir à
missa em Coroa Vermelha, no dia
26. Quase tudo foi cancelado.
Ontem pela manhã, o general
Alberto Cardoso, ministro-chefe
do Gabinete de Segurança Institucional, voltou a Coroa Vermelha
(cerca de 40 km de Porto Seguro),
acompanhado da Secretária de
Segurança Pública da Bahia, Kátia
Alves, para constatar que não há
realmente condições para que
FHC vá à inauguração do Museu
Aberto do Descobrimento.
A área é toda aberta e a 700 metros do ponto principal há cerca
de 2.000 índios acampados. Anteontem também chegaram aproximadamente 150 integrantes de
movimentos negros para acampar. Somando-se isso ao fato de
os sem-terra estarem em Porto
Seguro e terem afirmado que forçarão um encontro com o presidente, a segurança decidiu não facilitar. Senão, teria de isolar uma
grande área, o que foi considerado "antipático e pouco eficaz".
FHC passou o dia de ontem descansando no Hotel Transamérica,
na ilha de Comandatuba, um paraíso tropical de 8 milhões de metros quadrados no litoral sul da
Bahia (a 75 km de Ilhéus). Acompanhado da primeira-dama, Ruth
Cardoso, e da mulher do chanceler Luiz Felipe Lampréia, Lenir,
FHC foi à praia e passeou por
mais de duas horas num iate.
A presença de FHC no hotel tumultuou a tranquilidade dos hóspedes, em geral famílias com
crianças ou casais recém-casados.
A área dos bangalôs em que está
FHC (suíte master, com diária de
R$ 1.300) fica cercada por seguranças.
A comitiva ocupa 30 bangalôs,
cada um custando em média R$
340 a diária (num total mínimo de
R$ 10.200 por dia). Parte da comitiva ficará na ilha por três dias, o
que representará aproximadamente R$ 32.200 gastos em hospedagem.
Ontem, a Presidência mandou
bloquear todos os sete barcos que
estavam à disposição dos hóspedes, para evitar que o presidente
fosse perturbado em seu passeio.
O subgerente geral do hotel, Andreas Pohlmann, disse que o governo terá de pagar pelo uso de
todas as embarcações, embora só
tenham sido usados dois barcos.
FHC foi passear no iate "Royal
Charlotte I", de 40 pés, com capacidade para 11 pessoas (aluguel
em média de R$ 1.650 por passeio). Também o acompanhou
uma lancha de 32 pés, a "Espardarte", usada em pesca oceânica
(locada por aproximadamente R$
1.500 o passeio).
Depois de tomar sol na ponta
sul da ilha -que tem 21 km de
praias privativas-, FHC recebeu
à tarde o senador Antonio Carlos
Magalhães. À noite, teria jantar
privado com o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, que também se hospedou na ilha.
(WILLIAM FRANÇA)
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