São Paulo, sábado, 22 de abril de 2000


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Segurança abrevia a visita

do enviado especial

Nem MST nem índios nem qualquer outro grupo de manifestantes pode ameaçar o presidente Fernando Henrique Cardoso nas seis horas em que ele estiver em Porto Seguro. Essa foi a meta fixada ontem pela segurança presidencial para as comemorações de hoje, contando que o governo da Bahia bloqueie a chegada dos sem-terra a Porto Seguro.
A Presidência conta com a ação da PM baiana para barrar os sem-terra e evitar tomar a atitude mais radical: ter de barrar até mesmo os turistas e a população em geral e isolar toda a área histórica de Porto Seguro. A Folha apurou que se for preciso, isso será feito.
"Nós trabalhamos com a idéia de segurança como um todo, não só a de manter a integridade física do presidente. Nós a garantimos e podemos colocá-lo onde ele quiser ir. O problema é quanto de transtorno iremos causar à população, aos turistas e às pessoas que não têm nada com o evento e que não podem nem devem ser prejudicadas por nós", disse à Folha o general Jorge Alves, titular da Subchefia Militar, responsável pela segurança de FHC, justificando os motivos para o cancelamento da agenda presidencial.
FHC vai ficar apenas seis horas em Porto Seguro para as comemorações oficiais do Descobrimento. A cidade está lotada de turistas. O presidente chega às 11h30 e decola às 17h30 para São Paulo.
Quando a programação começou a ser montada, há cerca de seis meses, a idéia era que o presidente ficasse até três dias na cidade e que voltasse para assistir à missa em Coroa Vermelha, no dia 26. Quase tudo foi cancelado.
Ontem pela manhã, o general Alberto Cardoso, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, voltou a Coroa Vermelha (cerca de 40 km de Porto Seguro), acompanhado da Secretária de Segurança Pública da Bahia, Kátia Alves, para constatar que não há realmente condições para que FHC vá à inauguração do Museu Aberto do Descobrimento.
A área é toda aberta e a 700 metros do ponto principal há cerca de 2.000 índios acampados. Anteontem também chegaram aproximadamente 150 integrantes de movimentos negros para acampar. Somando-se isso ao fato de os sem-terra estarem em Porto Seguro e terem afirmado que forçarão um encontro com o presidente, a segurança decidiu não facilitar. Senão, teria de isolar uma grande área, o que foi considerado "antipático e pouco eficaz".
FHC passou o dia de ontem descansando no Hotel Transamérica, na ilha de Comandatuba, um paraíso tropical de 8 milhões de metros quadrados no litoral sul da Bahia (a 75 km de Ilhéus). Acompanhado da primeira-dama, Ruth Cardoso, e da mulher do chanceler Luiz Felipe Lampréia, Lenir, FHC foi à praia e passeou por mais de duas horas num iate.
A presença de FHC no hotel tumultuou a tranquilidade dos hóspedes, em geral famílias com crianças ou casais recém-casados. A área dos bangalôs em que está FHC (suíte master, com diária de R$ 1.300) fica cercada por seguranças.
A comitiva ocupa 30 bangalôs, cada um custando em média R$ 340 a diária (num total mínimo de R$ 10.200 por dia). Parte da comitiva ficará na ilha por três dias, o que representará aproximadamente R$ 32.200 gastos em hospedagem.
Ontem, a Presidência mandou bloquear todos os sete barcos que estavam à disposição dos hóspedes, para evitar que o presidente fosse perturbado em seu passeio. O subgerente geral do hotel, Andreas Pohlmann, disse que o governo terá de pagar pelo uso de todas as embarcações, embora só tenham sido usados dois barcos.
FHC foi passear no iate "Royal Charlotte I", de 40 pés, com capacidade para 11 pessoas (aluguel em média de R$ 1.650 por passeio). Também o acompanhou uma lancha de 32 pés, a "Espardarte", usada em pesca oceânica (locada por aproximadamente R$ 1.500 o passeio).
Depois de tomar sol na ponta sul da ilha -que tem 21 km de praias privativas-, FHC recebeu à tarde o senador Antonio Carlos Magalhães. À noite, teria jantar privado com o presidente de Portugal, Jorge Sampaio, que também se hospedou na ilha.
(WILLIAM FRANÇA)

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