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PT usa três frentes para apurar erros no balanço da reforma agrária; ministério também faz perícia
Oposição quer auditoria nos dados oficiais
DA AGÊNCIA FOLHA
DO PAINEL
Líderes petistas na Câmara e no
Senado anunciaram ontem que
vão trabalhar em três frentes para
apurar irregularidades nos balanços da reforma agrária apresentados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário.
O líder da bancada do PT na Câmara, deputado federal João Paulo (SP), entrará amanhã com pedido de convocação do ministro
do Desenvolvimento Agrário, José Abrão, e do presidente do Incra
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Sebastião
Azevedo, para prestarem esclarecimentos sobre os balanços da reforma agrária do governo.
A bancada também entrará
com representação no Ministério
Público a fim de que seja aberto
inquérito para esclarecer se houve
crime no uso de verbas de publicidade para divulgar balanços com
dados falsos.
A terceira iniciativa será pedir
uma auditoria nos balanços, a ser
feita por uma empresa privada
contratada ou pelo TCU (Tribunal de Contas da União). O pedido de auditoria também será protocolado pelo senador Eduardo
Suplicy (PT-SP), líder da oposição
no Senado. Ele pretende percorrer "assentamentos" que o governo diz ter realizado em 2001.
Reação do governo
Numa estratégia para tentar esvaziar as ações da oposição, o ministério divulgou ontem à tarde
nota anunciando que o ministro
Abrão determinou a instalação de
uma "auditoria técnica para apuração dos dados do Incra e do
Banco da Terra, a fim de esclarecer divergências de números da
reforma agrária apontadas em
matéria da Folha".
A equipe que fará a auditoria,
com prazo de 15 dias para ser concluída, é composta por funcionários do próprio governo: representantes da Secretaria Nacional
de Reforma Agrária e auditores
da Área de Controle do Ministério
do Desenvolvimento Agrário e da
Secretaria Federal de Controle do
Ministério da Fazenda.
Na nota de esclarecimento do
ministério, foi apresentado um
novo conceito de "família assentada". Segundo a nota, "para efeito de estatísticas, são consideradas assentadas as famílias incluídas no Programa de Reforma
Agrária que tenham preenchido
os requisitos observados no processo de seleção e às quais esteja
disponibilizado um lote de terra
para exploração agropecuária ou
outra atividade que lhe proporcione sustento".
Não é o que diz o "Manual dos
Assentados e das Assentadas da
Reforma Agrária", de responsabilidade do Incra. O manual norteia
as relações entre assentados e governo federal e atribui direitos e
deveres a ambos os lados.
O documento indica que obrigatoriamente a primeira etapa de
um assentamento (fase de implantação) deve reunir um conjunto de oito itens, entre os quais
obras concluídas de infra-estrutura, como energia elétrica, água e
esgoto, demarcação dos lotes e
distribuição de créditos para
construção da moradia.
Ontem a Folha divulgou reportagem apontando que, para efeitos de propaganda, o governo tem
inflado seus balanços por meio de
assentamentos que ainda não saíram do papel, terrenos vazios e
áreas onde não há moradias nem
infra-estrutura.
(EDUARDO SCOLESE
E RUBENS VALENTE)
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