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Itamar articula contra
a união PMDB-PSDB
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA
Em nova investida contra o
apoio oficial do PMDB à candidatura de José Serra (PSDB), o governador de Minas Gerais, Itamar
Franco (PMDB), disse em Ouro
Preto (MG) considerar importante para Minas e para o Brasil que o
próximo presidente tenha "sentimento de pátria" e não represente
o "continuísmo de ações que não
interessam ao Brasil".
As frases foram ditas quando
repórteres perguntaram a Itamar
sobre o sentido da nota divulgada
por ele na sexta-feira pregando
um "desgarramento" do PMDB
da candidatura de Serra.
"Minas não pode escolher qualquer presidente, tem que escolher
aquele que tenha sentimento de
pátria, o que é fundamental para
Minas e para o Brasil", afirmou.
O governador participou na cidade histórica das comemorações
dos 213 anos da Inconfidência Mineira, ato que é usado desde 1999
pelo ex-presidente como forma
de externar suas preferências e
tendências políticas. A solenidade
teve como orador oficial o presidente do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio de Melo.
"Se escolherem o continuísmo
naquelas ações que não interessam ao Brasil, nós não devemos
votar nele [Serra"", acrescentou.
Apesar de fazer oposição ao governo federal desde 1998, Itamar
mantinha bom diálogo com Serra
e chegou a ser cotado como possível vice na chapa do ex-ministro.
Desde sexta, dia seguinte à decisão do Supremo Tribunal Federal
de manter a verticalização nas
eleições de outubro, a relação estremeceu. Entre aliados íntimos
de Itamar, há duas versões sobre o
sentido das críticas a Serra.
A primeira é a de que Itamar
busca liderar a corrente peemedebista -ainda não majoritária-
que defende que o partido não se
coligue nacionalmente e dê, com
isso, liberdade de aliança aos diretórios estaduais.
Itamar usa o exemplo de Minas
Gerais. Líder nas pesquisas na disputa pelo governo mineiro, Itamar trabalha com a chance de ter
o apoio, entre outros, do PT e do
PL. Se o PMDB fechar a aliança
nacional com Serra, Itamar avalia
que poderia estar fortalecendo indiretamente o PSDB mineiro, de
quem é adversário ferrenho.
A tese de afastamento da candidatura Serra, que vai de encontro
às pretensões da cúpula peemedebista, encontra forte respaldo nos
setores do partido que defendiam
a candidatura própria -como é o
caso dos grupos liderados pelo senador Pedro Simon (RS) e pelo
ex-governador Orestes Quércia
(SP) e ex-deputado Paes de Andrade (CE)-, mas mobiliza também setores que até então ou
apoiavam a cúpula da legenda ou
se mantinham neutros.
Esses são os casos dos peemedebistas do Rio de Janeiro -que fizeram "coligação branca" com o
PSB- e os liderados pelo ex-senador Jader Barbalho (PA) e pelos
senadores Renan Calheiros (AL) e
José Sarney (AP), que controla
também o PMDB maranhense.
A mudança de posição destes
setores pode complicar a intenção
da cúpula da legenda de aprovar
na convenção partidária de junho
a coligação com os tucanos. Isso
porque, em setembro, o grupo
oposicionista, até então composto só pela ala liderada por Itamar,
conseguiu 37,26% dos votos na
convenção nacional do partido.
A outra versão diz que Itamar,
ao atacar a candidatura Serra, poderia estar querendo colaborar
com uma possível substituição do
ex-ministro pelo presidente da
Câmara dos Deputados, Aécio
Neves (PSDB), que tem uma amizade pessoal com Itamar.
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