São Paulo, segunda-feira, 22 de abril de 2002

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ELEIÇÃO ENGESSADA

Para Temer, definição do nome para a chapa de Serra esvaziaria oposições regionais à coligação

PMDB apressa vice para barrar pressões

MARIA INÊS NASSIF
DA REPORTAGEM LOCAL

O PMDB quer definir o nome peemedebista na chapa de José Serra até o fim desta semana. "Nós queremos consolidar a posição de principal parceiro do PSDB", afirmou ontem o presidente do partido, Michel Temer. Para o dirigente partidário, uma definição rápida da aliança nacional poderá esvaziar as pressões regionais contra a coligação.
As pressões dos diretórios regionais do PMDB sobre a direção nacional do partido se acentuaram depois da decisão final do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre a obrigatoriedade de verticalização das alianças eleitorais, na última quinta-feira.
O STF referendou decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que proibiu os partidos nos Estados de fazerem coligações diferentes das definidas nacionalmente. Para muitos diretórios estaduais do PMDB, seria mais vantajoso não ter nenhuma coligação nacional -o que permitiria a eles fazer a aliança que fosse mais conveniente nos Estados.
A movimentação de alguns Estados contra a coligação com o PSDB nacional levou as direções nacionais a reabrirem as negociações. Temer reuniu-se ontem com o presidente do PSDB, José Aníbal, para discutir os problemas regionais da aliança entre os dois partidos. Os dois terão mais duas rodadas de conversas, hoje e amanhã. "Estamos encaminhando a solução das divergências regionais", afirmou Temer. "Se nós conseguirmos resolver a maioria delas, a aliança estará garantida."
A outra medida preventiva contra a reação de diretórios estaduais será a de definir rapidamente o candidato a vice do PMDB na chapa de Serra. "Nós queremos consolidar a aliança", disse Temer. "Com uma definição nacional mais clara, as reações nos estados ficam parcialmente neutralizadas", concordou Aníbal.
Após o encontro com Aníbal, Temer minimizou os problemas de relacionamento nas duas legendas em Mato Grosso. "Lá a restrição é pessoal, do governador Dante de Oliveira [PSDB"." José Aníbal garantiu a Temer que o PSDB no Acre, tradicional aliado do PT local, estará coligado com o PMDB. "Está resolvido também o problema de Rondônia", afirmou Aníbal.
O presidente do PMDB, por sua vez, depositou as suas esperanças de uma solução em Minas a gestões que serão feitas pelo presidente da Câmara, o tucano Aécio Neves. De lá, o governador Itamar Franco, do PMDB, posicionou-se contra o partido fechar uma aliança nacional com os tucanos.
Aníbal e Temer não acreditam que a posição do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) possa ser um obstáculo definitivo à união das duas legendas nacionalmente. Renan precisaria do apoio do PSB do governador Ronaldo Lessa para garantir sua reeleição para o Senado. Faz parte do "pacote" de soluções regionais, no entanto, alguma tolerância a soluções informais, como coligações brancas com adversários estaduais.
O dirigente peemedebista apenas colocou na lista de problema político de difícil solução o de Goiás, onde o governador tucano Marconi Perillo se opõe ao grupo do peemedebista Maguito Vilela. Vilela negociava, antes da decisão final sobre a verticalização, o apoio do PT. No Ceará, onde os dois grupos são inconciliáveis mas ambos têm candidatos -o PMDB vai sair com o candidato Sérgio Machado, e o PSDB, com Lúcio Alcântara- a solução fica mais simples. Basta que Serra esteja nos dois palanques.



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