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INVESTIGAÇÃO
Ednamar Silva Ramos, que autorizou operação de busca e apreensão na empresa da pefelista, está deixando o caso
Juíza do caso Lunus votaria em Roseana
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A principal ação que tirou a ex-governadora Roseana Sarney
(PFL) do páreo presidencial partiu de uma ex-eleitora da pefelista.
Em entrevista à Folha, a juíza federal Ednamar Silva Ramos, 37,
que autorizou a operação de busca e apreensão no escritório da
pefelista, disse que pretendia "dar
um voto de confiança" a Roseana
por ela ser mulher.
Ednamar autorizou a busca no
dia 23 de fevereiro, um dia depois
de assumir o cargo de titular interina na 2ª Vara da Justiça Federal
no Tocantins, no lugar do juiz Alderico Rocha Santos. Foi na busca
na empresa Lunus, da ex-governadora e do marido, Jorge Murad,
que a Polícia Federal encontrou
R$ 1,34 milhão. Roseana apresentou pelo menos seis versões diferentes para a origem do dinheiro.
Desgastada politicamente, 41 dias
depois da ação, a ex-governadora
renunciou à pré-candidatura.
"Não parei para imaginar o reflexo político, mas isso não teria
me detido", afirmou Ednamar. O
resultado ela avalia como positivo: "Afastou pessoas que tinham
falha de caráter".
A juíza não cuidará mais do caso. Atendendo a pedidos da família, que vive em Brasília, Ednamar
será transferida para o Distrito
Federal. "Sentirei saudades do caso da Sudam", disse, referindo-se
ao processo principal, que apura a
suposta participação de cerca de
80 empresas em fraudes na extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, entre elas,
a Lunus.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha, por telefone, na sexta-feira, último dia de
Ednamar como juíza do caso.
Folha - A sra. imaginava a repercussão que sua decisão poderia
causar na disputa presidencial?
Ednamar Silva Ramos - Não parei
para pensar no reflexo político e,
mesmo que pudesse imaginar, isso não teria me detido. A intenção
era que as forças policiais trouxessem os documentos da Lunus.
Não tinha a menor idéia de que
encontrariam o dinheiro.
Folha - Roseana disse que a investigação tem conotação política.
Ednamar - Sou completamente
ignorante em temas políticos. Do
Judiciário, sei que não existe interferência política. Se tivesse de
sofrer influência teria sido a favor
da ex-governadora, pois minha
primeira intenção era votar nela.
Achava que deveria dar um voto
de confiança às mulheres. Esse era
o meu único argumento. Naturalmente, esperava sua plataforma
de campanha. Não posso falar
quando deixei a intenção de votar
nela. Há uma série de coisas que
não posso revelar. Hoje não teria
nem a primeira intenção.
Folha - Como avalia a decisão da
sra. e a renúncia de Roseana?
Ednamar - Dentro da minha limitada visão de política, acho que
as consequências foram boas.
Afastou pessoas que tinham falha
de caráter e se embrenhavam na
política em nível bem alto.
Folha - Qual foi sua reação ao ouvir de Roseana que ela era perseguida por ser mulher?
Ednamar - No começo, me senti
um pouco incomodada e insatisfeita, mas nunca prejudicada. Depois reparei que havia ignorância
dela no assunto. E botei esse assunto de lado.
Folha - O que aconteceu a partir
do momento que a sra. autorizou a
busca até a sua execução?
Ednamar - Expedi uma carta
precatória à Justiça do Maranhão.
Depois, vi na imprensa o estardalhaço que isso causou. Na época,
eu estava viajando.
Folha - Roseana reclamou por
não ter sido avisada.
Ednamar - Seria como avisar
uma pessoa que a casa dela seria
assaltada. Não tem sentido.
Folha - A sra. acha que Roseana
irá colaborar com as investigações?
Ednamar - Ao mesmo tempo
que ela diz que sim, que quer ajudar, o comportamento dela parece dizer não. Mas não quero mais
pensar nesse assunto. Já terminou
meu período em Tocantins.
Folha - Sua remoção tem relação
com o caso?
Ednamar - Não. Sou de Brasília e
estou retornando à minha terra.
Se continuasse aqui, meu procedimento seria o mesmo que venho mantendo. Atendo os reclames da minha família.
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