São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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PAINEL

Caiu a ficha
Em reunião com dez ministros na noite de terça, Lula foi explícito: "Não há mais tempo a perder". Na avaliação do presidente, o governo anuncia muito e faz pouco. A cada dia ele se convence de que entre decidir e executar vai enorme distância.

Resposta automática
Em determinado momento da reunião, Lula impacientou-se com Guido Mantega. Reclamou que o ministro do Planejamento, a cada proposta apresentada, alega que o custo é alto "antes mesmo de fazer as contas".

Terapia de grupo
Não sobrou apenas para Luiz Gushiken na atual temporada de recriminações à comunicação governamental. Concluiu-se que ministros em geral e também o presidente precisam se empenhar mais em prestar contas do que estão fazendo.

Sem contraditório
No caso de Lula, a diretriz esbarra na alergia do presidente a entrevistas. Por ora, ele só está topando as do gênero "levanta que eu corto", como aos programas de Ratinho e Jô Soares.

Reforma agrária
Para Geddel Vieira Lima, PMDB porém de oposição, faz sentido o governo responsabilizar o jardineiro pela estrela vermelha plantada no Alvorada: "Ele só pode ser do MST. Escolheu os 32 hectares mais improdutivos do país para invadir".

Tudo é tudo
De Gilberto Gil, sobre o momento do governo: "Tudo bom, tudo como é, como nas casas de família, nas ruas, em todos os lugares. A vida é feita de coisas boas e ruins o tempo todo. O governo também. Não é de outro planeta. É do mundo, do Brasil".

Ninguém me ama
Líder do PT no Senado, Ideli Salvatti pediu ajuda a dirigentes da sigla para se enturmar na Casa. Diz que ninguém a procura para tratar dos temas em pauta.

Coração de mãe
Embora Sarney nomeie mais, ACM não ficará de mãos vazias. Anaci Paim, apadrinhada do senador, ganhará vaga no Conselho Nacional de Educação. Secretária do governo baiano, foi acusada de improbidade administrativa pelo Tribunal de Contas e pelo Ministério Público.

Conta conjunta
José Eduardo Dutra cedeu: substituirá o diretor de Abastecimento da Petrobras, Rogério Manso, ligado a tucanos e peemedebistas de oposição do Rio, por técnico da casa que tem o patrocínio de PT e PP. Com benção da ministra Dilma Roussef.

Adeus, ano velho
O líder do governo na Câmara, Professor Luizinho (PT-SP), promete uma terça-feira quente na Casa. Diz que a base vai varar madrugada votando as MPs encalhadas. O dinheiro das emendas de 2003 foi pago, e o Planalto promete começar as liberações do Orçamento de 2004.

Outros carnavais
O espanhol Rodrigo Rato, futuro diretor-geral do FMI, é amigo do brasileiro Marco Maciel. A relação foi cultivada no tempo em que o senador pernambucano era vice de FHC e Rato, ministro da Economia de José Mária Aznár. "Será positivo para o Brasil", diz o pefelista.

Gosto do freguês
Circulam as mais díspares previsões sobre a pré-convenção tucana de 16 de maio. Partidários de Saulo de Castro de Abreu Filho avaliam ter votos para vencer. Com igual confiança, defensores de José Aníbal dizem que será dele a candidatura paulistana. À revelia do governador.

TFPT
Um grupo de militantes religiosos, de maioria evangélica, acaba de criar no PT paulistano o núcleo de base "PT + Valores". Preceito número um: "Fortalecer a família como identidade".

TIROTEIO

Do deputado estadual Renato Simões (PT-SP), sobre a troca de gentilezas entre o ministro da Fazenda e Fernando Henrique Cardoso em Comandatuba:
-É preciso que o Palocci tome um banho de realidade social, veja o que acontece em Rondônia ou no Rio. O pessoal de Comandatuba não expressa a realidade brasileira.

CONTRAPONTO

Merchandising gratuito

Talvez pelo local do encontro -a ilha baiana de Comandatuba-, a descontração deu o tom do Fórum Empresarial, que reuniu na semana passada parcela expressiva do PIB nacional.
Antonio Palocci, um dos palestrantes, analisou a conjuntura econômica e traçou cenários para a retomada do desenvolvimento. O ministro da Fazenda disse que o país precisa de políticas fiscal e monetária "sadias", que a taxa de inflação tem de ser mantida em patamar "sadio" e, por fim, que o equilíbrio traria taxas de juros mais "sadias".
Na enésima menção de Palocci a uma economia "sadia", a platéia caiu na gargalhada. Ele decidiu entrar na brincadeira. Olhou para o colega Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), cuja família administra a empresa involuntariamente citada, e se justificou:
-Quem me orientou a usar tanto essa palavra foi o Furlan.


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