São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2005

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PAINEL

Nota de corte
O Planalto discute uma reforma de suas lideranças parlamentares. À exceção de Arlindo Chinaglia (Câmara) e Aloizio Mercadante (Senado), poucos integrantes da estrutura de líderes e vice-líderes escapam da avaliação negativa do governo.

Caso crítico
A bola da vez é Fernando Bezerra (PMDB-RN), líder do governo no Congresso. Desceu quadrado o protesto do senador, na opinião do Planalto feito para agradar a torcida, do teto estabelecido na LDO para a previsão de receitas no Orçamento.

Ninguém viu
Quanto aos vice-líderes na Câmara, o diagnóstico governamental é que, excetuado Beto Albuquerque (PSB-RS), as atuações são tão apagadas que pouca gente se lembra de seus nomes.

Outro chefe
Isso para não falar nos líderes das bancadas aliadas. O do PMDB, José Borba (PR), foi descrito recentemente por um ministro palaciano como "liderado do Janene" (o líder do PP).

Movimento natural
Como no caso da abortada reforma ministerial, um problema dificulta a reorganização das lideranças parlamentares do governo: muitos querem entrar; ninguém quer sair.

Caixinha de surpresas
O governo não assistirá calado à cruzada do presidente do Senado contra as MPs, que segundo ele estariam impedindo a votação de outros projetos. "Tem de ver direito o que tem naquele carrinho do Renan", ironiza um ministro. "É quase tudo concessão de rádio para político."

Mostrando serviço
Depois de esticar a corda, Renan Calheiros (PMDB-AL) optou por um recuo tático em suas disputas com o governo. Na terça, a sessão do Senado foi além das 21h. Na quarta, com a Câmara já vazia, o presidente convocou reunião de líderes.

Memória seletiva 1
O site da Radiobrás não se esqueceu dos 45 anos de Brasília, mas, ao longo do dia de ontem, passou lotado pelos 20 da morte de Tancredo Neves, comemorados em Minas com abundância de tucanos e escassez de petistas.

Memória seletiva 2
Curiosa a galeria de retratos no gabinete do prefeito de São João del Rey. Há fotos dos presidentes militares, de José Sarney e de FHC. Nada de Collor, Itamar ou do atual ocupante do cargo, Lula. E olhe que o vice do tucano Sidinho do Ferrotaco é do PT.

E assim se passaram...
Do senador José Sarney (PMDB-AP), ontem, na Universidade Federal de São João del Rey, criada por ele quando no Planalto: "Em 20 anos de democracia cumprimos um ciclo e, sem revolução ou revolta, um operário chegou à Presidência".

Tudo de bom
No meio dos festejos em Minas, alguém perguntou ao presidente da Câmara quando, afinal, daria um refresco a Lula. "Como assim?", devolveu Severino Cavalcanti (PP-PE). "Eu dou a ele somente amor e carinho."

Lição de casa 1
Professores de Minas, que têm combatido o discurso do sucesso administrativo de Aécio Neves com protestos contra a estagnação de seus salários, não deixaram de marcar presença ontem em São João del Rey.

Lição de casa 2
Coincidência ou não, o microfone instalado para um evento diante do Memorial Tancredo Neves parou de funcionar no exato momento em que a manifestação dos professores ameaçava tomar conta do local.

Visita à Folha
Walter Barelli, deputado federal pelo PSDB-SP, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Cecilia Pires, assessora de imprensa.

TIROTEIO

Do deputado petista Paulo Delgado (MG), sobre manifestação organizada por simpatizantes do MST em Washington:
-Não é bom hábito ir ao exterior falar mal do país. Completamos 20 anos de democracia, e os manifestantes foram pedir ajuda a quem? Ao Bush?

CONTRAPONTO

Assopra e morde

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), surpreendeu os poucos colegas que participaram da sessão da última segunda-feira à tarde quando subiu à tribuna para fazer um discurso em homenagem aos 30 anos da posse da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC liderada pelo hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
-Não poderia deixar de reverenciar a figura de Lula pela contribuição que prestou à democracia do país e por seu pioneirismo na luta de classes.
Tão logo desceu do púlpito, Virgílio se inscreveu para falar em seguida, como líder.
-Depois volto para criticar o governo-, anunciou.
Menos de uma hora mais tarde, cumpriu o prometido e subiu novamente à tribuna:
-O povo anda demonstrando descontentamento com o governo Lula-, abriu o discurso, pondo fim à ligeira trégua.


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