São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2005

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HISTÓRIA

Cerimônia em Minas lembrou os 20 anos da morte de Tancredo Neves

Reforma política divide PT e PSDB em S. João del Rey

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOÃO DEL REY

Nas homenagens aos 20 anos da morte de Tancredo Neves, ontem à noite em São João del Rey (MG), os políticos presentes, lembrando-se do presidente eleito em 1985 pelo Colégio Eleitoral, falaram da necessidade de uma reforma política no país, mas com divergência entre tucanos e petistas.
Enquanto o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu uma reforma imediata, o ministro petista Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência), que representava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que ela é necessária, mas apenas para depois de 2006.
"Isso [reforma partidária] só pode ser feito pela união dos partidos. Ninguém pode mexer em regras eleitorais se não houver consenso. Acredito que o mais provável é que as transformações estruturais no sistema político e nas regras das eleições aconteçam depois das eleições de 2006. Mas é uma necessidade do país, sim, episódios recentes mostram isso", disse Dulci. Em seguida, afirmou que a reforma política "era uma preocupação de Tancredo".
Alckmin, que disse que a "democracia consolidada" no país se deve ao "talento" de Tancredo, afirmou que, apesar desse estágio da democracia, "indiscutivelmente o país não avançou na reforma política". "Muitas das crises que o país vive são crises políticas, de governabilidade, por não termos fidelidade partidária."
Estavam presentes o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), o senador José Sarney (PMDB-AP), o ex-presidente de Portugal Mário Soares, o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), e o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Para Sarney, a reforma está "atrasada, com instituições que remontam ao século 19". E prosseguiu: "Acho que essa é a [reforma] mais importante, mas também tem sido a mais difícil, porque as reações se manifestam dentro dos próprios órgãos encarregados de promovê-la".
Severino foi outro defensor: "Eu garanto que, chegando em minhas mãos, passando pelas comissões, colocarei para votar o mais rápido possível. Temos que acabar com essa imoralidade de deputado dormir uma noite em um partido e acordar em outro".

Homenagem
A primeira homenagem foi a visita ao túmulo de Tancredo, no cemitério da igreja de São Francisco, onde o bispo Waldemar Araújo fez orações e pediu que Deus olhasse para os governadores ali presentes. Aécio leu o discurso feito pelo deputado Ulysses Guimarães (morto em 92) na abertura da Assembléia Nacional Constituinte, em 87, quando homenageou Tancredo.
Depois foram todos para o adro da igreja, onde foi lançado o livro de imagens e documentos sobre a trajetória política, familiar e religiosa do presidente. Ao deixar a igreja, passaram sobre um tapete de serragem colorida feito pela população da cidade. A imagem desenhada era a de Tancredo.
Houve uma caminhada até o Memorial Tancredo Neves, com moradores se misturando às autoridades e professores pedindo aumento salarial a Aécio. Ali, Sarney, Mário Soares, Severino e Aécio descerraram placa sobre a homenagem prestada a Tancredo.
"A consolidação da democracia no Brasil se deve a Tancredo. Muitos brasileiros deram sua vida, mas ele deu a sua morte", disse Sarney, que se tornou presidente com a morte de Tancredo.


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