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HISTÓRIA
Cerimônia em Minas lembrou os 20 anos da morte de Tancredo Neves
Reforma política divide PT e PSDB em S. João del Rey
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOÃO DEL REY
Nas homenagens aos 20 anos da
morte de Tancredo Neves, ontem
à noite em São João del Rey (MG),
os políticos presentes, lembrando-se do presidente eleito em
1985 pelo Colégio Eleitoral, falaram da necessidade de uma reforma política no país, mas com divergência entre tucanos e petistas.
Enquanto o governador de São
Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB),
defendeu uma reforma imediata,
o ministro petista Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência),
que representava o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, disse
que ela é necessária, mas apenas
para depois de 2006.
"Isso [reforma partidária] só
pode ser feito pela união dos partidos. Ninguém pode mexer em
regras eleitorais se não houver
consenso. Acredito que o mais
provável é que as transformações
estruturais no sistema político e
nas regras das eleições aconteçam
depois das eleições de 2006. Mas é
uma necessidade do país, sim,
episódios recentes mostram isso", disse Dulci. Em seguida, afirmou que a reforma política "era
uma preocupação de Tancredo".
Alckmin, que disse que a "democracia consolidada" no país se
deve ao "talento" de Tancredo,
afirmou que, apesar desse estágio
da democracia, "indiscutivelmente o país não avançou na reforma política". "Muitas das crises que o país vive são crises políticas, de governabilidade, por não
termos fidelidade partidária."
Estavam presentes o presidente
da Câmara, Severino Cavalcanti
(PP-PE), o senador José Sarney
(PMDB-AP), o ex-presidente de
Portugal Mário Soares, o governador do Pará, Simão Jatene
(PSDB), e o presidente nacional
do PSDB, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Para Sarney, a reforma está
"atrasada, com instituições que
remontam ao século 19". E prosseguiu: "Acho que essa é a [reforma] mais importante, mas também tem sido a mais difícil, porque as reações se manifestam
dentro dos próprios órgãos encarregados de promovê-la".
Severino foi outro defensor: "Eu
garanto que, chegando em minhas mãos, passando pelas comissões, colocarei para votar o
mais rápido possível. Temos que
acabar com essa imoralidade de
deputado dormir uma noite em
um partido e acordar em outro".
Homenagem
A primeira homenagem foi a visita ao túmulo de Tancredo, no
cemitério da igreja de São Francisco, onde o bispo Waldemar
Araújo fez orações e pediu que
Deus olhasse para os governadores ali presentes. Aécio leu o discurso feito pelo deputado Ulysses
Guimarães (morto em 92) na
abertura da Assembléia Nacional
Constituinte, em 87, quando homenageou Tancredo.
Depois foram todos para o adro
da igreja, onde foi lançado o livro
de imagens e documentos sobre a
trajetória política, familiar e religiosa do presidente. Ao deixar a
igreja, passaram sobre um tapete
de serragem colorida feito pela
população da cidade. A imagem
desenhada era a de Tancredo.
Houve uma caminhada até o
Memorial Tancredo Neves, com
moradores se misturando às autoridades e professores pedindo
aumento salarial a Aécio. Ali, Sarney, Mário Soares, Severino e Aécio descerraram placa sobre a homenagem prestada a Tancredo.
"A consolidação da democracia
no Brasil se deve a Tancredo.
Muitos brasileiros deram sua vida, mas ele deu a sua morte", disse Sarney, que se tornou presidente com a morte de Tancredo.
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