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INVESTIGAÇÃO
Venda de fazenda teria causado prejuízo de R$ 8 mi ao erário mineiro
Vice-governador de Minas é acusado de ação fraudulenta
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público de Minas
Gerais propôs ação de reparação
de danos ao patrimônio público
contra o vice-governador do Estado, Clésio Andrade (PL), por participação em venda supostamente
fraudulenta de fazenda ao Credireal, banco estadual privatizado
em 1997. A operação teria causado prejuízo de R$ 8 milhões ao
erário mineiro.
Segundo a Promotoria, o vice
mineiro e presidente da CNT
(Confederação Nacional do
Transporte) se valeu de "crescente prestígio econômico e político"
para obter a quitação de dívida de
R$ 1,8 milhão da SMP&B Publicidade no Credireal. A dívida foi
quitada com uma fazenda avaliada em R$ 2,4 milhões, mas cujo
valor real, segundo laudos posteriores, não excedia R$ 340 mil.
A SMP&B Publicidade, agência
mineira de destaque nacional,
contraiu o empréstimo no Credireal em junho de 1996. Em julho, a
SMP&B Comunicação foi criada
pela C.S. Andrade Participações
S/A (atual Holding Brasil S/A,
presidida por Clésio), pelo próprio Clésio e por três sócios.
O advogado que responde pelas
duas SMP&B disse que, para ingressar na nova firma, Clésio cedeu à SMP&B Publicidade "dezenas e dezenas de ônibus" e a fazenda Santa Rosa, em Pompéu
(MG), registrada em nome de seu
pai, Oscar Soares Andrade.
Em entrevista a uma revista,
transcrita na ação, um dos sócios
diz que a criação da SMP&B Comunicação "foi apenas uma mudança de CGC para que pudéssemos fazer uma boa negociação
com os bancos credores".
Em agosto de 1996, dois meses
após contrair o empréstimo, a
SMP&B Publicidade propôs a entrega da fazenda ao Credireal, que
foi aprovada pelo banco em outubro daquele ano. A Promotoria
afirma que a empresa, dois de
seus sócios, Clésio e o pai se aproveitaram da "iminente privatização do Credireal", o que "camuflaria a transação fraudulenta".
Entre as provas apresentadas
pelo Ministério Público, está a
certidão de registro da fazenda
Santa Rosa, que indica a venda da
propriedade por R$ 140 mil, menos de um ano antes da entrega ao
Credireal. O então proprietário
confirmou ter vendido a fazenda
para o pai de Clésio.
Outra prova apresentada pela
Promotoria é o depoimento do
geólogo subcontratado pela TNG
Engenharia para avaliar a fazenda. Ele afirma que o dono da TNG
não lhe disse que a avaliação era
para venda. O laudo aponta a
existência de jazida de ardósia de
R$ 1,1 milhão no subsolo.
Banco Central
O Ministério Público afirma
ainda que a transação desrespeitou norma do Banco Central que
exige pelo menos três avaliações
em caso de recebimento de bens
para pagamento de dívida. Entre
abril e junho de 2001, já incorporada ao patrimônio do Estado, a
fazenda foi avaliada em R$ 264
mil, R$ 320 mil e R$ 337 mil.
Além de Clésio, seu pai e a Holding Brasil, também foram acionados seis ex-dirigentes do Credireal, a TNG Engenharia e seu proprietário, a SMP&B Comunicação e dois sócios e a Solimões Publicidade (nova denominação da
SMP&B Publicidade). No pedido
principal da ação, a Promotoria
requer, entre outros pontos, o ressarcimento, pelos acionados, do
suposto prejuízo de R$ 8 milhões.
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