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PT NO DIVÃ
Maior corrente de esquerda da sigla se reúne para divulgar candidato alternativo
Esquerda tem novo nome "antiGenoino"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois do Movimento PT, a
corrente Democracia Socialista
(DS) se reúne a partir de hoje em
São Paulo para o lançamento da
candidatura de Raul Pont, ex-prefeito de Porto Alegre, à presidência do PT. Maior tendência de esquerda, a DS também reafirmará
o teor da "Carta aos petistas" divulgada no dia 28 de janeiro, no
Fórum Social Mundial. Nela, há
críticas à política econômica do
governo e à atuação de José Genoino à frente do PT.
Candidato à reeleição, Genoino
é chamado até de "bedel de parlamentares" por integrantes da DS.
O termo mais usado é "embaixador do governo". A começar pelo
próprio Pont: "Ele traz as posições do governo para dentro do
partido. Precisamos de um presidente que represente mais o PT,
menos o governo".
Reproduzindo expressão da
carta, o deputado Dr. Rosinha
(PR) diz que o PT atua como "correia de transmissão" do Planalto.
Walter Pinheiro (BA), por sua
vez, diz que "o debate não está na
fulanização, mas na subserviência
do partido ao governo". Para João
Alfredo (CE), porém, Genoino
age como "bedel" dos petistas.
Em campanha, Genoino se esforça para evitar polêmica. Diz
que "o campo majoritário não vai
brigar internamente".
"Meus adversários estão fora do
PT", afirma ele, mas sem se conter: "O debate não pode ir por aí.
O desafio que o PT tem é analisar
a grande experiência de governar
o Brasil e construir um projeto estratégico à luz do que já foi feito. É
muito importante para ficarmos
presos a esse tipo de adjetivação
que não merece resposta". Ainda
segundo Genoino, "o campo majoritário vai pensar grande nessa
disputa porque tem a responsabilidade de administrar o partido".
Apesar das queixas contra uma
centralização das decisões no comando do PT, Genoino não será o
único alvo de artilharia no encontro, a ser encerrado amanhã. A
política econômica -especialmente a de juros- voltará a ser
atacada. "Conter a inflação com
base exclusivamente no juros não
tem lógica", diz Pont.
União da esquerda
A relação com o Congresso
-classificada como de "troca-troca" na carta- também será
objeto de crítica. O documento da
DS condensará as propostas saídas dos encontros estaduais. E deverá recomendar a união das correntes à esquerda do partido.
Hoje são três os candidatos da
esquerda do PT. Professor do Instituto de Economia da Unicamp,
Plínio de Arruda Sampaio foi lançado pelo bloco parlamentar de
esquerda e Walter Pomar, vice-presidente do PT, pela corrente
Articulação de Esquerda.
A idéia é buscar uma candidatura única. Pomar, no entanto, sofre
restrições na DS. "Concordamos
com as propostas. Difícil é o nome", admitiu Pont, segundo o
qual a intenção é levar a eleição
para um segundo turno. "É uma
possibilidade remota. Mas existe.
Há um sentimento de descontentamento no partido e é nesse espaço que vamos trabalhar."
Em 2001, o hoje ministro José
Dirceu foi eleito com 55% de votos. À época, DS e Articulação tiveram, cada um, cerca de 15% do
partido. Então candidato, Pont
recebeu 18% dos votos. Em setembro, o campo majoritário poderá estar debilitado, se for mantida a candidatura da deputada federal Maria do Rosário (RS) à
presidência do PT. Seu nome foi
lançado na semana passada pelo
moderado Movimento PT.
Nos Estados, a DS também tem
discutido a participação no governo. No Ceará, a conclusão foi que
a nomeação de integrantes da
corrente -uma maneira de mudar os rumos do governo por
dentro- não pode inibir a ação
dos militantes. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel
Rosseto, é da DS. Sua presença é
esperada. Além dos seis deputados federais que integram a corrente, parlamentares afinados à
tendência foram convidados.
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