São Paulo, sábado, 22 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRISE NO GOVERNO/ VIOLAÇÃO DE SIGILO

Partido ameaça obstruir votações enquanto presidente do Senado não puser requerimento em pauta; Lula não quer novo depoimento de ministro

PSDB pressiona Renan para convocar Bastos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A oposição pressionará o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a colocar em votação na próxima semana o requerimento de convocação do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para depor na Casa.
Bastos depôs na Câmara anteontem para explicar reunião no dia 23 de março com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que havia solicitado indicação de um advogado para defendê-lo. Palocci foi apontado pela Polícia Federal como o mandante da violação do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não quer que Bastos deponha de novo. Acha que seria um desgaste inútil, pois o ministro já apresentou sua versão a respeito de sua atuação no episódio.
Lula conversou ontem de manhã com Bastos e lhe parabenizou pelo depoimento. O presidente disse que ele transmitiu firmeza e credibilidade ao sustentar que a violação do sigilo não foi uma operação de governo, mas ato isolado de membros da administração pública que deixaram seus postos após investigação da PF.

Insuficiente
Para PSDB e PFL, a audiência na Câmara não foi suficiente para Bastos esclarecer sua atuação no caso. Já os governistas dizem que o assunto foi esgotado.
"Indiscutivelmente não há motivo para novo depoimento. O ministro ficou lá por oito horas, respondeu a todas as perguntas, a maior parte delas repetitivas, não tem cabimento ouvi-lo de novo. Isso beira a irracionalidade", disse a senadora Ideli Salvati (PT-SC).
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ameaçou obstruir as votações no Senado se Renan não colocar em pauta o requerimento.
Bastos informou que já deu as explicações relevantes sobre o episódio, mas que não deixará de ir ao Senado se o seu pedido de convocação for aprovado.
A oposição no Senado insistirá em tentar mostrar que Bastos atuou na defesa de Palocci. Segundo Virgílio, o ministro não tem condições de continuar no cargo. "O simples fato de ter de se explicar sobre uma quebra de sigilo já o faz ex-ministro", disse.
"Acho que ficou uma lacuna no depoimento. Não ficou clara, justificada, a atuação do Márcio Thomaz Bastos, não se provou que o ministro não estivesse a serviço da criação de uma versão para proteger o Estado", disse o senador José Agripino (RN), líder do PFL. (ADRIANO CEOLIN, RANIER BRAGON E KENNEDY ALENCAR)

Texto Anterior: Projeto fere livre informação, diz OAB
Próximo Texto: O caso da cueca: Justiça bloqueia bens de irmão de Genoino
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.