|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO GOVERNO/ VIOLAÇÃO DE SIGILO
Partido ameaça obstruir votações enquanto presidente do Senado não puser requerimento em pauta; Lula não quer novo depoimento de ministro
PSDB pressiona Renan para convocar Bastos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A oposição pressionará o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a colocar em votação na próxima semana o requerimento de convocação do
ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) para depor na Casa.
Bastos depôs na Câmara anteontem para explicar reunião no
dia 23 de março com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que havia solicitado indicação
de um advogado para defendê-lo.
Palocci foi apontado pela Polícia
Federal como o mandante da violação do sigilo do caseiro Francenildo dos Santos Costa.
A Folha apurou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não
quer que Bastos deponha de novo. Acha que seria um desgaste
inútil, pois o ministro já apresentou sua versão a respeito de sua
atuação no episódio.
Lula conversou ontem de manhã com Bastos e lhe parabenizou
pelo depoimento. O presidente
disse que ele transmitiu firmeza e
credibilidade ao sustentar que a
violação do sigilo não foi uma
operação de governo, mas ato isolado de membros da administração pública que deixaram seus
postos após investigação da PF.
Insuficiente
Para PSDB e PFL, a audiência na
Câmara não foi suficiente para
Bastos esclarecer sua atuação no
caso. Já os governistas dizem que
o assunto foi esgotado.
"Indiscutivelmente não há motivo para novo depoimento. O ministro ficou lá por oito horas, respondeu a todas as perguntas, a
maior parte delas repetitivas, não
tem cabimento ouvi-lo de novo.
Isso beira a irracionalidade", disse
a senadora Ideli Salvati (PT-SC).
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), ameaçou obstruir as votações no Senado se Renan não
colocar em pauta o requerimento.
Bastos informou que já deu as
explicações relevantes sobre o
episódio, mas que não deixará de
ir ao Senado se o seu pedido de
convocação for aprovado.
A oposição no Senado insistirá
em tentar mostrar que Bastos
atuou na defesa de Palocci. Segundo Virgílio, o ministro não
tem condições de continuar no
cargo. "O simples fato de ter de se
explicar sobre uma quebra de sigilo já o faz ex-ministro", disse.
"Acho que ficou uma lacuna no
depoimento. Não ficou clara, justificada, a atuação do Márcio
Thomaz Bastos, não se provou
que o ministro não estivesse a serviço da criação de uma versão para proteger o Estado", disse o senador José Agripino (RN), líder
do PFL.
(ADRIANO CEOLIN, RANIER BRAGON E KENNEDY ALENCAR)
Texto Anterior: Projeto fere livre informação, diz OAB Próximo Texto: O caso da cueca: Justiça bloqueia bens de irmão de Genoino Índice
|