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RELIGIÃO
Igreja Católica constata avanço evangélico e estuda estratégias em sua assembléia, que começa hoje em Itaici
CNBB discute perda de fiéis em encontro
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Documento interno da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil) revela que a Igreja Católica já tem uma estratégia para
conter a perda de fiéis para outras
religiões e incentivar uma maior
participação de seus leigos no projeto de "Nova Evangelização",
lançado pelo papa João Paulo 2º.
O texto, obtido pela Folha, foi
enviado para todos os bispos brasileiros e servirá como base para as
principais discussões da 36ª Assembléia Geral da CNBB, que começa hoje em Itaici, um distrito de
Indaiatuba (110 km de São Paulo).
Com 28 páginas, o documento
tem como título o tema central da
assembléia: "Missão e Ministério
dos Leigos na Perspectiva do Novo
Milênio". Nas primeiras páginas,
o texto constata a perda de fiéis católicos para outras religiões.
"No Brasil, havendo um grande
número de católicos, muitos deles
ligados por laços frouxos à comunidade eclesial, é natural que não
poucos tenham mudado de religião", diz o documento.
Em seguida, o texto destaca de
maneira positiva as diversas formas de organização existentes para os leigos católicos, destacando
as CEBs (Comunidades Eclesiais
de Base), os grupos de oração e
novos movimentos mais ligados à
religiosidade, como a RCC (Renovação Carismática Católica).
Apesar de não citar o nome da
Renovação, o documento enumeras críticas que são comuns a ela
dentro da CNBB: "Sua experiência religiosa é muito emocional;
seu engajamento social e político
nem sempre é crítico; as lideranças
exercem seu papel, às vezes, de
forma autoritária".
O texto, pragmático, ressalta que
as críticas aos carismáticos devem
"ofuscar" os "valores" do movimento, como "o anseio pelo
anúncio missionário e a capacidade de atrair e levar à conversão
pessoas e categorias que as pastorais sociais não envolvem mais".
A terceira parte do documento
enumera as "diretrizes pastorais" para que a igreja atinja seus
objetivos em relação aos leigos.
Basicamente, a Igreja Católica se
inspira nas igrejas evangélicas na
tentativa de ser mais atrativa. O
texto pede que a comunidade seja
"realmente fraterna" e "acolhedora" para que "um estranho
possa nela reconhecer um sinal da
presença de Deus".
O documento ainda pede que a
comunidade seja "mais semelhante a uma família do que um
aparato burocrático" e que sejam
afastadas "formas de autoritarismo e mecanismos de exclusão",
lembrando que há "frequentes
queixas" contra "panelinhas"
que exercem um controle demasiadamente rigoroso sobre a participação de novos membros,
"afastando-os".
O texto da CNBB ainda recomenda que os católicos tenham
mais "cuidado" com o acolhimento daqueles que são diferentes", entre eles, os divorciados
("que vivem em situação canônica irregular") ou que procedem
de outras religiões.
A CNBB também deverá divulgar um documento traçando diretrizes éticas para os católicos escolherem seus candidatos nas eleições deste ano. "Devem ser escolhidos candidatos realmente preocupados com os problemas da sociedade e que possam gerar soluções para esses problemas", disse
o secretário-geral da CNBB, d.
Raymundo Damasceno Assis.
Segundo o bispo, a publicação
do documento político é uma praxe da CNBB em anos eleitorais.
"A proposta ainda não faz parte
da proposta de pauta da reunião,
mas deverá ser apresentada."
O cardeal arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, deverá
participar da assembléia. A posse
de seu sucessor, d. Cláudio Hummes, acontece no dia 23 de maio.
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