São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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Para o Incra, invasões são manifestações políticas

DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Orlando Muniz, refuta a tese do MST de que o governo promove assentamentos rurais a um ritmo muito lento.
"Nós fazemos a seguinte leitura: nunca se assentou tanto no país como agora. Se há invasões no campo, elas são motivadas não por inação do governo, mas por serem parte de manifestações políticas do MST", diz.
Ele prevê um "refluxo" no número de conflitos a partir de agora, por conta da medida provisória do governo que impede vistoria para fins de reforma agrária de terras invadidas. "Pode escrever, não vamos vistoriar (terras invadidas) mesmo."
Segundo a estimativa do Incra, o governo FHC assentou 80 mil famílias em média por ano, contra 10 mil de média antes de 1994. Para este ano e o próximo, o Incra espera assentar 100 mil famílias.
Muniz afirma que os dados que mostram a queda da renda no campo no primeiro mandato de FHC têm de ser "relativizados".
"Dependendo de quando e como a pesquisa é feita, pode haver diferenças. Se for feita em época de entressafra, obviamente haverá menos trabalhadores", afirma o presidente do Incra.

Problema antigo
Para o gerente do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar), Ludgério Monteiro, a queda na renda no campo "vem de lá atrás".
"Entre 1985 e 1990, a renda caiu pela metade no setor rural. Houve recuperação entre 1996 e 1998 e nova queda no ano passado", diz.
Monteiro afirma que, na raiz desse fenômeno, está o fato de os preços de insumos -fertilizantes e defensivos, por exemplo- terem subido mais do que os dos produtos agrícolas.
"Apesar de todas essas circunstâncias, motivadas em parte por razões externas, como queda nos preços internacionais de alguns produtos, o governo está fazendo um esforço para aliviar a situação dos agricultores", afirma o gerente do Pronaf.
Monteiro cita, como parte desse "esforço", a renegociação de R$ 8 bilhões em dívidas contraídas por agricultores antes de 1995 e a liberação de outros R$ 8 bilhões em créditos do Pronaf desde sua criação, no início do governo FHC.
O Pronaf, administrado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, é, segundo o gerente, "a maior política do governo para reduzir a desigualdade no campo". "O Pronaf não vai acabar com a migração do campo para a cidade, mas ajuda a diminuir muito", diz Monteiro.
Ele afirma que, segundo dados do ministério, 44% dos produtores beneficiados pelo Pronaf tiveram aumento de renda e 40% permaneceram com a renda estável. Apenas 16% dos produtores tiveram queda de rendimentos.
"O Pronaf é uma revolução, o primeiro programa a ser destinado à agricultura familiar. Pena que o MST não entenda isso", afirma Monteiro. (FZ)


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