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Arquivos históricos
convivem com ratos
DA SUCURSAL DO RIO
Se os documentos guardados
no Arquivo Público do Estado do
Rio fossem empilhados, atingiriam a altura de 750 metros.
Há papéis do Brasil colonial, 2,6
milhões de fichas de pessoas
acompanhadas pela polícia política da década de 1920 a 1982 e 700
mil prontuários de cidadãos vigiados por órgãos oficiais.
Esse patrimônio convive com
ratos e pombos, num prédio cujo
chão pode ruir se o acervo for arquivado como deve.
O conteúdo de armários cheios
pesaria de 800 kg a 1.500 kg por
metro quadrado. O casarão de
três andares na praia de Botafogo,
na zona sul, porém, só suporta
300 kg por metro quadrado. Acima disso, a base pode ruir.
""Esse é um patrimônio ameaçado", diz a diretora do Arquivo do
Rio, a historiadora Jessie Jane
Vieira de Souza.
A documentação das polícias
políticas do Distrito Federal até a
mudança da capital para Brasília
está lá, como a do Dops (Departamento de Ordem Política e Social)
do antigo Estado da Guanabara e
a do extinto DGIE (Departamento Geral de Investigações Especiais) do Estado do Rio.
Dali saíram os documentos que
a Folha publica desde sábado sobre a repressão no regime militar.
O arquivo já teve três sedes nos
últimos dez anos. O prédio em
que está alojado desde 1998 é do
Metrô, empresa privatizada.
Com estrutura indigente, não
tem nem sequer um laboratório
para microfilmagem -a papelada manuseada se deteriora.
Para cuidar dos documentos e
atender ao público, há seis funcionários estaduais. O arquivo recebe por ano R$ 1 milhão da Faperj
(Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio de Janeiro), que
paga bolsas a cerca de 40 historiadores e bibliotecários.
Órgãos de pesquisa e entidades
de defesa dos direitos humanos
pedem a mudança para o antigo
prédio do Dops, no centro do Rio.
Um projeto de R$ 5 milhões
prevê restauração do prédio e estrutura própria para o acervo. O
governo do Estado ainda não decidiu se leva o arquivo para a velha sede do Dops, hoje depósito
de armas da polícia.
(LAR e MM)
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