São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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Arquivos históricos convivem com ratos

DA SUCURSAL DO RIO

Se os documentos guardados no Arquivo Público do Estado do Rio fossem empilhados, atingiriam a altura de 750 metros.
Há papéis do Brasil colonial, 2,6 milhões de fichas de pessoas acompanhadas pela polícia política da década de 1920 a 1982 e 700 mil prontuários de cidadãos vigiados por órgãos oficiais.
Esse patrimônio convive com ratos e pombos, num prédio cujo chão pode ruir se o acervo for arquivado como deve.
O conteúdo de armários cheios pesaria de 800 kg a 1.500 kg por metro quadrado. O casarão de três andares na praia de Botafogo, na zona sul, porém, só suporta 300 kg por metro quadrado. Acima disso, a base pode ruir.
""Esse é um patrimônio ameaçado", diz a diretora do Arquivo do Rio, a historiadora Jessie Jane Vieira de Souza.
A documentação das polícias políticas do Distrito Federal até a mudança da capital para Brasília está lá, como a do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) do antigo Estado da Guanabara e a do extinto DGIE (Departamento Geral de Investigações Especiais) do Estado do Rio.
Dali saíram os documentos que a Folha publica desde sábado sobre a repressão no regime militar.
O arquivo já teve três sedes nos últimos dez anos. O prédio em que está alojado desde 1998 é do Metrô, empresa privatizada.
Com estrutura indigente, não tem nem sequer um laboratório para microfilmagem -a papelada manuseada se deteriora.
Para cuidar dos documentos e atender ao público, há seis funcionários estaduais. O arquivo recebe por ano R$ 1 milhão da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), que paga bolsas a cerca de 40 historiadores e bibliotecários.
Órgãos de pesquisa e entidades de defesa dos direitos humanos pedem a mudança para o antigo prédio do Dops, no centro do Rio.
Um projeto de R$ 5 milhões prevê restauração do prédio e estrutura própria para o acervo. O governo do Estado ainda não decidiu se leva o arquivo para a velha sede do Dops, hoje depósito de armas da polícia. (LAR e MM)


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