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ESQUELETO DO BC
Pedido foi aprovado e suspenso 24 horas depois, sem constar da ata
CPI dos Bancos engavetou
quebra de sigilos de Grossi
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pedido de quebra dos sigilos
telefônico, fiscal e bancário da diretora de Fiscalização do Banco
Central, Tereza Grossi, foi engavetado em consequência de manobra na CPI dos Bancos, um dia
depois de ter sido aprovado pelo
plenário da comissão.
Em 15 de junho de 1999, foi
aprovado por unanimidade requerimento assinado pelos senadores Emília Fernandes (então
PDT-RS e hoje PT) e Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO), propondo a quebra. No dia seguinte,
o próprio Siqueira Campos assina, com outros cinco senadores,
um novo requerimento propondo a suspensão do que aprovaram
na véspera.
O documento enumera, entre
outras, as seguintes razões para
evitar a quebra:
1) O sigilo dos diretores do Banco Central fora quebrado havia 60
dias e, "por um equívoco da comissão, não foi enviado àquele órgão [BC" o ofício referente a Maria do Socorro Costa de Carvalho
[consultora da diretoria de área
externa do BC" e Tereza Cristina
Grossi Togni [então chefe do Departamento de Fiscalização do
Banco Central"";
2) Demoraria muito tempo para
obter do BC os dados solicitados.
3) Como os trabalhos da comissão até 16 de junho de 1999 indicavam regularidade na movimentação bancária dos investigados,
principalmente quando se tratava
de funcionário público, haveria
poucas possibilidades de se chegar a um fato relevante.
Em resumo, os sigilos de Tereza
Grossi não foram quebrados porque a relação custo-benefício dos
dados que se esperava obter, na
opinião dos senadores, não compensaria. Além de Siqueira Campos, assinam o documento Romeu Tuma (PFL-SP), Romero Jucá (PSDB-RR), Fernando Bezerra
(PMDB-RN), Gilberto Mestrinho
(PMDB-AM) e José Roberto Arruda (então no PSDB-DF e hoje
sem partido).
O requerimento para pedir a
quebra chegou a ser assinado pelo
presidente da comissão, senador
Bello Parga (PFL-MA), em 15 de
junho. Mas nunca saiu do Senado.
"O pedido foi suspenso pelos próprios senadores, e a comissão
aprovou", afirmou ontem Parga.
Mas nem o debate do caso nem
a aprovação da suspensão constam da ata da reunião da comissão realizada no dia 16 de junho,
disponível no site do Senado.
Parga disse ainda que o requerimento que impediu a quebra do
sigilo de Tereza Grossi possibilitava ao relator da CPI, senador João
Alberto (PMDB-MA), voltar a encaminhar o pedido, caso julgasse
necessário dispor de tais informações para realizar seu trabalho. De
fato, mas isso nunca aconteceu.
Siqueira Campos disse que um
dos motivos que o levou a propor
a suspensão da quebra de sigilo de
Grossi foi o sucesso de liminares
apresentadas à Justiça por diretores do BC. Os executivos, entre
eles o ex-presidente da instituição
Francisco Lopes, tiveram a quebra dos sigilos aprovada pela comissão, mas conseguiram evitá-la
com decisões judiciais.
No ano passado, Grossi foi promovida a diretora do Departamento de Fiscalização. Dois meses depois de assinar o requerimento que sepultava a quebra do
sigilo, Arruda virou líder do governo no Senado.
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