São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2001

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Empresário vê falta de lisura em licitação

DA REPORTAGEM LOCAL

Em entrevista à Folha, o presidente da Rohde & Schwarz no Brasil, Heitor Vita, fez críticas pesadas e manifestou dúvidas sobre a lisura da licitação para reaparelhar o Cindacta-1. Leia abaixo os principais trechos:

Folha - O sr. diz que o sistema escolhido pela Aeronáutica não é 100% seguro. Qual é o risco? Pode cair avião?
Heitor Vita -
A proposta vencedora deixou de preencher várias especificações exigidas no edital. Portanto, o sistema não funcionará como se espera. Isso implica interferências, falhas, quedas na comunicação entre aviões, torres e operadores. Em situações extremas, com grande fluxo de aviões, mensagens podem ser mal entendidas ou mesmo incompreensíveis. Isso pode provocar ações e reações incorretas dos operadores e até causar acidentes.

Folha - Vocês não estão exagerando? É difícil acreditar que a Aeronáutica compraria um sistema que oferece riscos, ainda mais para operar numa região em que milhares de pessoas voam todos os dias.
Vita -
Não estamos exagerando, não. Mas, pessoalmente, eu acredito que nossa concorrente fará aditivos ao contrato, eventualmente, para preencher os requisitos que não estão atendidos. Sempre se dá um jeito, não é?

Folha - Mas o edital de licitação permite que a empresa amplie seu contrato?
Vita -
Não, o edital não permite. Se fosse feito aquilo que o edital manda, essa companhia [Park Air, que venceu a licitação" deveria ser desclassificada. Eu sugeri a criação de uma comissão independente para analisar o edital e as propostas feitas por todos.

Folha - O que responderam?
Vita -
Que não precisam, sabem bem o que estão fazendo. Então, como sabem o que estão fazendo, eu espero que, no futuro, também sejam responsáveis por qualquer coisa que aconteça.

Folha - O sr. não está sendo muito trágico? Um brigadeiro da Aeronáutica disse que tudo isso é choradeira de perdedor.
Vita -
Não, não é choradeira. A gente tem que perder num processo justo. Na nossa opinião, digo novamente, esse processo não foi transparente, na parte técnica tem vários itens que não foram preenchidos. A regra tem que ser a mesma para todos. Agora, se a balança pender diferente para um ou para outro, aí é difícil competir, não é?

Folha - Por que a Rhode Schwarz não entrou na Justiça?
Vita -
A Aeronáutica nos recomendou não entrar com recurso judicial porque assim eles fariam uma analise mais detalhada do processo.

Folha - Comenta-se que vocês foram ameaçados de retaliação em outros contatos com a Aeronáutica se entrassem na Justiça. É verdade?
Vita -
Fomos recomendados a não entrar na Justiça. Para não atrapalhar o processo achamos que a via administrativa junto à Aeronáutica poderia ser a solução. (DF)


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