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Empresário vê falta de lisura em licitação
DA REPORTAGEM LOCAL
Em entrevista à Folha, o presidente da Rohde & Schwarz no
Brasil, Heitor Vita, fez críticas pesadas e manifestou dúvidas sobre
a lisura da licitação para reaparelhar o Cindacta-1. Leia abaixo os
principais trechos:
Folha - O sr. diz que o sistema escolhido pela Aeronáutica não é
100% seguro. Qual é o risco? Pode
cair avião?
Heitor Vita - A proposta vencedora deixou de preencher várias
especificações exigidas no edital.
Portanto, o sistema não funcionará como se espera. Isso implica interferências, falhas, quedas na comunicação entre aviões, torres e
operadores. Em situações extremas, com grande fluxo de aviões,
mensagens podem ser mal entendidas ou mesmo incompreensíveis. Isso pode provocar ações e
reações incorretas dos operadores e até causar acidentes.
Folha - Vocês não estão exagerando? É difícil acreditar que a Aeronáutica compraria um sistema
que oferece riscos, ainda mais para
operar numa região em que milhares de pessoas voam todos os dias.
Vita - Não estamos exagerando,
não. Mas, pessoalmente, eu acredito que nossa concorrente fará
aditivos ao contrato, eventualmente, para preencher os requisitos que não estão atendidos. Sempre se dá um jeito, não é?
Folha - Mas o edital de licitação
permite que a empresa amplie seu
contrato?
Vita - Não, o edital não permite.
Se fosse feito aquilo que o edital
manda, essa companhia [Park
Air, que venceu a licitação" deveria ser desclassificada. Eu sugeri a
criação de uma comissão independente para analisar o edital e
as propostas feitas por todos.
Folha - O que responderam?
Vita - Que não precisam, sabem
bem o que estão fazendo. Então,
como sabem o que estão fazendo,
eu espero que, no futuro, também
sejam responsáveis por qualquer
coisa que aconteça.
Folha - O sr. não está sendo muito
trágico? Um brigadeiro da Aeronáutica disse que tudo isso é choradeira de perdedor.
Vita - Não, não é choradeira. A
gente tem que perder num processo justo. Na nossa opinião, digo novamente, esse processo não
foi transparente, na parte técnica
tem vários itens que não foram
preenchidos. A regra tem que ser
a mesma para todos. Agora, se a
balança pender diferente para um
ou para outro, aí é difícil competir, não é?
Folha - Por que a Rhode Schwarz
não entrou na Justiça?
Vita - A Aeronáutica nos recomendou não entrar com recurso
judicial porque assim eles fariam
uma analise mais detalhada do
processo.
Folha - Comenta-se que vocês foram ameaçados de retaliação em
outros contatos com a Aeronáutica
se entrassem na Justiça. É verdade?
Vita - Fomos recomendados a
não entrar na Justiça. Para não
atrapalhar o processo achamos
que a via administrativa junto à
Aeronáutica poderia ser a solução.
(DF)
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