São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Itamar tem vantagem sobre Simon após convenções do PMDB

Cristina Horta/"Estado de Minas"
O governador Itamar Franco (MG), que saiu fortalecido com o resultado das convenções do PMDB


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco, pré-candidato à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, leva vantagem, dentro do PMDB, sobre o outro pré-candidato do partido, senador Pedro Simon (RS). Itamar já teria o apoio prometido de ao menos 200 dos 432 delegados que participarão da convenção nacional, em setembro.
As convenções regionais no fim de semana reforçaram a tese da candidatura própria ao Planalto em 2002, beneficiando diretamente o governador, que é o peemedebista melhor colocado nas pesquisas de intenção de votos.
O diretório nacional que for eleito será decisivo na condução do processo interno com vistas à convenção de 2002, que vai definir a posição final do PMDB sobre a sucessão.
A tese de candidatura própria foi defendida em praticamente todas as convenções regionais, embora em alguns Estados ainda pairem dúvidas sobre a questão. São os casos, por exemplo, da Bahia e do Pará, liderados, respectivamente, pelo deputado federal Geddel Vieira Lima, líder do governo na Câmara, e pelo presidente do Senado, Jader Barbalho.
Itamar tem o apoio declarado dos principais diretórios estaduais, como o de Minas, seu reduto eleitoral, o de São Paulo, controlado pelo ex-governador Orestes Quércia, o de Goiás, dos senadores Iris Rezende e Maguito Vilela (presidente nacional em exercício da legenda), o do Ceará, controlado pelo deputado Paes de Andrade, e o do Paraná, do senador Roberto Requião.
Esses Estados, aliados a Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espirito Santo e Rio de Janeiro, garantem praticamente o apoio da metade dos votos dos delegados ao governador.
Entre os aliados mineiros de Itamar não há nenhuma dúvida de que a candidatura própria é irreversível. Agora, o trabalho será consolidar internamente o nome do governador. "Isso é a coisa mais fácil", disse o vice-governador do Estado, Newton Cardoso.
Alexandre Dupeyrat, assessor especial de Itamar, é mais cauteloso, embora se mostre confiante e convencido de que o modelo econômico adotado pelo governo federal, aliado às crises energética e política, vão nortear as discussões no PMDB e dar "razão" a Itamar.
"Há uma tendência clara de o PMDB se firmar com candidatura própria. As pessoas estão vendo que o modelo econômico faliu. Até setembro, vamos viver um momento de muitas conversas visando o entendimento."
Nessa disputa interna, no entanto, o PMDB terá que enfrentar o pragmatismo de alguns e também os interesses regionais, que terão peso nas discussões.
O governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, lançou anteontem um desafio ao partido. Defensor aberto da manutenção da aliança com o PSDB em 2002, desafiou os peemedebistas a entregarem os cargos que ocupam no governo para serem coerentes com a tendência demonstrada nas convenções.
Na Bahia, Geddel defendeu a aliança com o PSDB baiano para derrotar o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) e seus aliados no Estado. Ele não foi enfático ao defender a candidatura própria ao Planalto, mas deixou evidente que, se essa tese prevalecer, seu candidato será Pedro Simon.
Na convenção baiana havia um cartaz com uma frase do senador: "Perder não é o mais grave. Mais grave é não ter bandeira".
Simon também tem a preferência dos diretórios de Santa Catarina, Distrito Federal, Amazonas, Acre, Pará e Rio Grande do Sul, embora o partido em seu Estado esteja sob o comando do ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, aliado do governo federal.



Texto Anterior: Rumo a 2002: Grupo de Temer insinua saída do PMDB
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.