São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Cresce apoio de partidos ao nome de Pedro Simon (RS)

PMDB transfere a Serra e a FHC decisão sobre vice

KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PMDB resolveu delegar a José Serra e ao presidente Fernando Henrique Cardoso a decisão de escolher o vice do pré-candidato do PSDB ao Planalto: se a deputada federal Rita Camata (ES) ou o senador Pedro Simon (RS).
A tendência, ontem à noite, era que Simon fosse o escolhido. Os tucanos avaliam que Rita traria mais votos, mas pode representar o risco de um novo desgaste, por causa de eventuais denúncias contra seu marido, o senador Gerson Camata (PMDB-ES).
Ao chegar a Brasília, Serra disse que qualquer um dos dois nomes "está ótimo". O tucano dizia a interlocutores que não saberia dizer quem será o escolhido, mas esperava que o PMDB anunciasse sua decisão até o meio-dia de hoje. Depois ter sido pressionado a engolir um vice que não queria, Serra não deseja assumir sozinho a responsabilidade pela indicação.
A cúpula peemedebista avalia que o mais importante é agradar a Serra na hora em que ele enfrenta dificuldades devido ao empate técnico com Anthony Garotinho (PSB-RJ) no segundo lugar das pesquisas e por causa das acusações contra Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-arrecadador de fundos eleitorais do tucano.
O temor de que surja alguma denúncia contra o marido da deputada, o senador Gerson Camata (PMDB-ES), era comentado ontem no comando da campanha tucana. "Ele está sob ataque especulativo", dizia ontem um dirigente da campanha. Na visão do PSDB e do PMDB, Simon é menos vulnerável a questionamentos éticos, o que pode ser decisivo.
Para consumo externo, a cúpula assumirá a indicação, mas os caciques acertaram que farão o jogo de Serra. Essa fórmula tem a vantagem de dividir com o PSDB a responsabilidade por eventual problema futuro.

Marketing
A Folha apurou que o marqueteiro de Serra, Nizan Guanaes, também deixou a escolha a cargo do tucano. Em pesquisas, Nizan aferiu o efeito positivo no eleitorado feminino de uma vice mulher, mas, ciente do maior peso político de Simon na cabeça do tucano, apontou vantagens do gaúcho (imagem de honestidade e peso político).
Ou seja, se Serra se prender à necessidade imediata de intenção de voto, Rita será a escolhida. Se optar por maior densidade política e blindagem ética, Simon leva.
Serra foi se reunir com FHC no Palácio da Alvorada ontem à noite. FHC, que chegou da Europa, seria ouvido porque se credita a ele resistência a Simon.

Articulações
O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), e o líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), se reuniram ontem com Simon e Rita, que integravam até recentemente a ala oposicionista.
Simon e Rita ouviram de Geddel cobranças duras em relação a críticas antigas. Geddel pediu que os dois parassem de dizer que não pleiteavam a vice e perguntou qual seria a resposta a um convite oficial. Ambos disseram sim e saíram elogiando a direção.
Nas instâncias do PMDB, o senador gaúcho teve mais apoio, mas a cúpula julga que, do ponto de vista de benefício político futuro, tanto faz um como o outro. "Qualquer um dos dois que vier a ser escolhido pelo partido será um bom vice", diz Temer.
Perdida a chance de fazer um vice seu -o deputado federal Henrique Eduardo Alves (RN) se inviabilizou devido à acusação sobre suposta fortuna no exterior não-declarada ao Fisco.
A direção crê ter obtido de Simon e Rita o que queria: compromisso de apoio à aliança na convenção de 15 de junho -o grupo já contabiliza 60% dos votos.



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