São Paulo, quarta-feira, 22 de maio de 2002

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JANIO DE FREITAS

Só dois semestres

Por ser quarta-feira, hoje seria o dia semanal de trabalho que a maioria dos deputados admite ter na Câmara Federal. Não será assim, porém. Como não tem sido há semanas. O governo acionou o PSDB e o PMDB para bloquearem a pauta, impedindo as votações de medidas provisórias nas quais corre o risco de alguma derrota.
Não é esperada a suspensão plena do bloqueio na semana que vem. Logo em seguida o clima de Copa, tão conveniente em ano eleitoral, se mostrará superior aos fusos horários, admitida apenas a intercalação de algumas convenções partidárias. Engata-se na Copa a campanha com pressão total, a partir de julho.
E até novembro não haverá mais do que arremedo de Câmara dos Deputados, e muito custo para mantê-la com os impostos pagos pelo eleitorado.
Ah, sim, também não houve mais do que arremedo desde o começo do ano, um semestre. Logo, nada de mais que sejam dois.

Companheiros
Muito original, mesmo, o presidente americano. Seu discurso contra Cuba tem muitas preciosidades, como esta de que "idéias bem-intencionadas iriam apenas engrandecer esse ditador", que é Fidel Castro. Ou seja, Bush se declara adepto de idéias mal-intencionadas.
Está bem acompanhado como produtor incansável de gafes. Para se mostrar bem informado, Fernando Henrique aplaudiu, antecipadamente, a "atitude construtiva", nas relações EUA-Cuba, do discurso de Bush.
O que Bush emitiu foi seu mais duro pronunciamento contra Cuba e um dos mais duros em 40 anos de bloqueio americano à ilha. Até os líderes da oposição a Fidel, os que vivem em Cuba e os de Miami, atacaram o discurso por "escassez de ética" e "beligerância do tempo da Guerra Fria".

Jogo
Dizem que sai hoje o nome do PMDB para vice de José Serra. Dizem que está entre Pedro Simon e Rita Camata.
Dois nomes que, dou testemunho disso, Serra sempre mencionou, desde o começo das conversas sobre vice, como de sua preferência em seguida a Jarbas Vasconcelos. O grupo que controla o PMDB, tendo Michel Temer como uma espécie de porta-bandeira, sempre repeliu os dois. Ambos são, dentro do PMDB, adversários do grupo Temer-Geddel.
Há alguma coisa a ser esclarecida na repentina reversão, que tem semelhanças com queimações passadas.
Não se negue à reversão, no entanto, o mérito de ter outra semelhança: parece um fato, afinal, em meio a um marasmo enjoar até velhos marinheiros. Ou, dá no mesmo, um marasmo digno da Câmara.



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