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SENADO
Votação na CCJ ocorrerá hoje
Governo tentará barrar noventena para CPMF
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo vai fazer a primeira
tentativa de retirar a exigência do
prazo de 90 dias para a cobrança
da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) durante votação hoje da
emenda que prorroga o chamado
imposto do cheque na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
do Senado.
A intenção do governo é iniciar
a cobrança assim que a emenda
for promulgada, evitando a sua
interrupção no dia 18 de junho,
quando acaba o atual imposto do
cheque. "A idéia é aprovar a
CPMF, continuar a cobrança e defender nosso entendimento na
Justiça", afirmou o senador Romero Jucá (PSDB-RR), vice-líder
do governo no Senado.
Para o governo, o prazo de 90
dias para a cobrança entrar em vigor pode ser dispensado porque
se trata de prorrogação, e não da
criação de nova contribuição.
A estratégia do governo é polêmica. O Executivo quer suprimir
a exigência da chamada noventena retirando a referência existente
no texto do projeto ao cumprimento do prazo. Mesmo que o
governo consiga maioria na comissão, a retirada da expressão na
emenda não elimina o artigo da
Constituição que estabelece o
cumprimento do prazo de 90 dias
para a cobrança de contribuições
sociais (artigo 195).
O PFL e o PT já se manifestaram
contrários à intenção do governo.
"É inadmissível uma operação
fraudulenta para burlar a Constituição", afirmou a senadora Heloísa Helena (PT-AL).
Jucá afirmou que, promulgada
a emenda, o governo pretende
continuar a cobrança até julgamento da questão pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Para retirar a expressão, o governo precisa da maioria dos votos da comissão, formada por 23 integrantes.
Depois da CCJ, o projeto que
prorroga a cobrança até 2004 da
CPMF precisa ser aprovado em
dois turnos pelo plenário do Senado para ser promulgada.
O relator da emenda, senador
Bernardo Cabral (PFL-AM), vai
aproveitar a votação para marcar
posição partidária: vai contestar
os números do governo sobre o
impacto da interrupção da CPMF
na arrecadação e responder às críticas de que o PFL teria sido o responsável pelo atraso da votação.
O governo trabalha com uma
perda de R$ 4,9 bilhões caso a
prorrogação seja aprovada até 20
de junho. A previsão era arrecadar R$ 20,2 bilhões com a CPMF
neste ano. Cabral anunciou que
vai dar parecer favorável a duas
emendas apresentadas ao projeto, mas não vai criar dificuldades
para o governo.
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