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GOVERNO SOB PRESSÃO
Ex-presidente critica governo e apelida Fome Zero de "eficiência zero"
"País está sem rumo e governo parece um peru bêbado", diz FHC
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem
que o país está sem rumo e que o
governo petista mais parece "um
peru bêbado" no período de festas. O discurso duro e cheio de
metáforas encerrou o 8º Encontro
Estadual do PSDB, no Anhembi,
em São Paulo.
Ao fazer referência à crise política enfrentada pelo governo, Fernando Henrique disse: "Estamos
num momento em que todos se
olham e se perguntam: qual é o
rumo? Eu quero saber, o cidadão
brasileiro quer saber. E eles [o governo Lula], derrotados, ficam
nesse alvoroço de peru bêbado
em dia de pré-Natal".
O ex-presidente, ao lado do governador paulista Geraldo Alckmin e várias lideranças do PSDB,
discursava a cerca de 3.000 militantes tucanos. "Nós estamos
aqui para gritar, para pedir rumo
e para dizer. Se vocês [do PT] não
são capazes de dá-lo, nós sabemos", disse.
Antes, FHC havia criticado o
encontro da executiva petista,que
também ocorre neste fim de semana em São Paulo. "Eles não estão discutindo proposta como
nós, estão lá para brigar e abafar,
abafar o que a rua já sabe".
Crise institucional
O tucano atenuou uma declaração recente sobre "crise institucional" vivida pelo país.
"Eu não penso isso, no curto
prazo". Mas ressaltou que, com a
"sertanização" de Brasília "pode
atingir a democracia".
FHC puxou aplausos ao dizer
que o Fome Zero virou "eficiência
zero". Disse que o PSDB "nunca
foi um partido pretensioso".
"Às vezes nós podemos errar,
mas temos de ouvir, antes de cacarejar. Essa gente cacareja sem
parar e eu não estou vendo nenhum ovo", atacou.
Disse que o partido não tem solução para juros altos, mas que
pregará a bandeira de cortar impostos. "Nós não sabemos talvez
ainda agora o que fazer com os juros altos, mas já sabemos o que fazer em São Paulo: cortar imposto,
que o povo não quer mais imposto."
"Geraldo Presidente"
Antes de FHC, Alckmin fez discurso de candidato à militância.
Quando chegou, foi ovacionado
com gritos de "Brasil Urgente, Geraldo Presidente". "O que nos une
é a esperança. É tempo de trabalho, é tempo de competência",
afirmou o governador.
O encontro tucano foi o primeiro ato concreto do PSDB estadual
para a pré-candidatura de Alckmin. Durante todo o dia, deputados o mencionavam como "candidato natural", faixas e adesivos
aclamavam a candidatura.
Faixas e camisetas produzidas
pela "Juventude do PSDB exibiam: "O Brasil precisa de um gerente, Alckmin presidente".
Nem FHC nem o prefeito José
Serra, que também discursou, porém, apoiaram publicamente a
candidatura do governador. O
prefeito voltou a descartar concorrer a cargos no ano que vem,
mas não mencionou o nome do
governador: "Em 2006 estarei administrando a cidade, mas ajudarei no que for preciso".
Já FHC, no discurso, disse haver
pelo menos cinco nomes presidenciáveis no partido. Na saída,
questionado se apoiava Alckmin,
o ex-presidente foi sucinto:
"Apoio o candidato do PSDB".
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