São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Alckmin, governo Lula está acuado e precisa "explicar tudo"

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem que o governo federal está "acuado por um conjunto de denúncias extremamente graves" e deve explicações à sociedade.
Questionado sobre o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisaria explicar à população, ele respondeu "tudo". Alckmin não citou explicitamente o suposto caso de corrupção nos Correios e afirmou que não existe um fato isolado.
"Esse desvirtuamento ético, lamentavelmente, está generalizado por essa partidarização de cargos que deveriam ser profissionalizados, que deveriam ser escolhidos por competência, por capacidade. Portanto, é triste tudo isso que está acontecendo", afirmou.
O governador também rebateu as críticas feitas pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, que teria dito que o governo de São Paulo é incompetente porque já gastou mais de R$ 10 bilhões na Febem, e nada foi resolvido, e que o PSDB, desde o governo Covas, já quase quebrou o Estado três vezes.
"Ele deve estar bravo porque não está tendo sucesso na operação abafa", disse o governador, referindo-se à tentativa do governo federal de evitar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) mista para investigar o pagamento de propina nos Correios. Segundo Alckmin, é uma tática infantil "sair atacando os outros" quando se tem o dever de prestar contas à sociedade.
Em relação às críticas feitas ex-prefeita Marta Suplicy (PT), Alckmin foi sucinto. Ele disse que a petista já está em campanha e que as afirmações de que o governo do Estado é um "governo do nada" e que falta planejamento "não têm fundamento algum".
Marta criticou a CPI, dizendo que "pela situação que o Congresso se encontra hoje, imaginar que essa CPI vai ser pra valer e não para tumultuar politicamente e ser usada como uma bandeira para desestabilizar o governo Lula, é ter muito ingenuidade".
O comentário da ex-prefeita foi feito em Ribeirão Preto, interior do Estado, onde ela esteve ontem. Marta visitou no local veículos de comunicação e se reuniu com integrantes de seu partido. Alckmin visitou a mesma cidade na quinta-feira passada, quando esteve na Agrishow, feira de agronegócios.
Habitualmente moderado, o governador fez em Ribeirão Preto, terra do ministro Antonio Palocci (Fazenda), duras críticas à política econômica, ao aumento da taxa de juros e ao suposto fisiologismo do governo Lula.
A visita ocorreu um dia depois da operação do governo que barrou no Senado o nome do seu candidato ao Conselho Nacional de Justiça, Alexandre de Moraes, ex-secretário de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania e ex-presidente da Febem.
Ontem, Alckmin voltou a falar do episódio ao ser questionado sobre a possibilidade de indicar novamente Moraes ao conselho. "Essa foi uma indicação da Câmara Federal. (...) Então a vaga, por lei, é da Câmara. Cabe ela decidir a questão. Ele é um dos melhores juristas do país. Vamos aguardar o que vai acontecer", afirmou.


Colaborou ROGÉRIO PAGNAN, da Folha Ribeirão


Texto Anterior: Governo sob pressão: "País está sem rumo e governo parece um peru bêbado", diz FHC
Próximo Texto: Governo sob pressão: Reeleição de Lula corre risco, dizem aliados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.