São Paulo, domingo, 22 de maio de 2005

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Lula embarca para Coréia e Japão

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará a Coréia do Sul e o Japão nesta semana, onde repetirá os roteiros de suas outras viagens internacionais, privilegiando um reforço nas relações comerciais e tentando obter apoio para uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
É possível que as turbulências políticas internas no Brasil atrapalhem um pouco a viagem de Lula. O presidente chegou a convidar 12 dos seus 36 ministros para integrarem a comitiva. Vários não poderão aceitar o convite.
Lula tem previsão de ficar em Seul, na Coréia, de 23 a 26. No dia 26 de manhã, segue para Tóquio, no Japão, onde permanecerá até 28 deste mês, dia em passará por Nagóia, onde se concentra uma das comunidades de brasileiros naquele país. O presidente deve estar de volta ao Brasil no domingo que vem, pela manhã.
A agenda presidencial nesses dois países é recheada de encontros com empresários locais e seminários de caráter comercial. Muitos empresários brasileiros também se registraram para estar presentes nos eventos: 190 nas reuniões na Coréia e outros 242 no Japão.
Na passagem pela Coréia, o presidente deve visitar um complexo industrial na região de Seul. Esse país tem um histórico recente de relacionamento com o Brasil, mas sempre crescente.
Nos últimos dez anos, segundo dados da embaixada coreana em Brasília, os empresários daquele país acumularam 54 investimentos diretos no Brasil, num valor total de US$ 700 milhões. É pouco se comparado a outros países, mas há projetos em análise que podem fazer "esse valor chegar US$ 4 bilhões ou mais nos próximos dois anos", diz Kwang-dong Kim, o embaixador coreano.
Um exemplo do aumento do interesse coreano pelo Brasil é a corrente de comércio entre os dois países. Em 2000, a soma das importações e exportações entre Brasil e Coréia do Sul era de US$ 2,018 bilhões. No ano passado, foi de US$ 3,158 bilhões, um aumento de 56,49%.
Há dois problemas para o Brasil nesse fluxo comercial. Primeiro, que a balança é deficitária em US$ 300,1 milhões para o lado brasileiro. Segundo, que a Coréia é muito mais importante para o Brasil do que o inverso.
É improvável ou quase nula a chance de Lula arrancar na Coréia algum compromisso com o projeto do Brasil de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Aliado fiel dos EUA e adversário político do Japão no que se refere a planos hegemônicos na Ásia, a Coréia acha que não deve dar corda aos países que se aliaram pela ampliação da representação na ONU.

Japão
No Japão, a passagem de Lula terá um pouco mais de componente político, além do econômico-comercial. O primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, é um aliado dos planos brasileiros a respeito da ONU. O Japão também é candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Na área econômica-comercial, o presidente brasileiro fará o discurso de encerramento de uma reunião entre as duas maiores entidades empresariais dos dois países, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a Keidanren (mais ampla do que a CNI brasileira, pois inclui vários outros setores, inclusive o financeiro).
Lula deve dar mais ênfase para facilitar os entendimentos no âmbito da iniciativa privada dos dois países. Há contratos privados da ordem de US$ 1,5 bilhão que devem ser anunciados. A idéia do ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) de facilitar a vida de quem investe no país encontra eco no Japão.
O embaixador do país no Brasil, Takahiro Horimura, disse que "muitas empresas vinculadas ao Japão destacam que as altas taxas de impostos e a complexidade do sistema trabalhista (custo da mão-de-obra) constituem obstáculos ao investimento" aqui.


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