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JANIO DE FREITAS
Criação de avestruzes
A Operação Navalha vem da fase de Thomaz Bastos, como outras; mas o Ministério da Justiça já não parece o mesmo
A REAÇÃO que mais se amplia,
diante das operações da Polícia Federal, é a da repugnância concentrada em frases do tipo
"não dá mais, essa política está uma
indecência, é preciso fazer alguma
coisa para acabar com isso". Mal se
distingue se a repulsa é por efeito da
corrupção revelada ou da revelação
que transgride o comodismo inconfesso. O que se vê é, afinal, alguém
"fazer alguma coisa". A reação quase
generalizada sugere certa simpatia
pela sugestão atribuída aos avestruzes.
Vai nessa linha a apreciação do
ministro da Justiça, Tarso Genro,
que se parece com um pedido de
adesão geral aos avestruzes. Recomenda-nos ele observar que, nas revelações da PF, "uma coisa são hábitos políticos condenáveis, como liberação de emendas, relação parlamentar com empreiteiro, que pode
ser mau costume político. Outra coisa são crimes como manipulação de
editais".
Liberação de emendas não são,
por si, ato condenável, mas ato normal desde que há emendas de parlamentares ao Orçamento. Tarso
Genro, já se aproximando da adesão
zoológica, escamoteia o sentido do
que diz pela metade: refere-se, isso
sim, a emendas e liberação decorrentes de "relação parlamentar com
empreiteiro", e tal "relação", em
português à luz do dia, deve ser chamada, no mínimo, de conluio para
fins ilícitos.
No sentido mais amplo de suas
considerações, o que Tarso Genro
procura é descaracterizar como crime a venda por parlamentares, a
empreiteiros, de inclusão no Orçamento de determinadas obras, e, depois, a liberação da verba respectiva
pelo governo. Quando liberada, parte dessa verba é dinheiro público
que se desvia para o patrimônio do
parlamentar, por intermédio da empreiteira; outra parte vai constituir o
superpreço, que, robustecido ainda
pelos reajustes, explica a rapidez
com que empreiteiras de obras públicas tornam-se potências financeiras, logo estendendo seus domínios à petroquímica, à mineração,
bancos, transportes, aqui e no exterior.
A Operação Navalha vem da fase
de Márcio Thomaz Bastos, como várias outras ainda por aparecer. Mas
o Ministério da Justiça já não parece
o mesmo.
Os apagadores
A balbúrdia que antecedeu a criação da CPI do Apagão na Câmara, e
invadiu suas primeiras exibições,
faz supor que há choques de aviões
com freqüência, e caem uns atrás
dos outros por falhas do controle
aéreo. A prestar algum serviço, caso o PT e seus aliados sabotem um
pouco menos os trabalhos, seria
uma finalidade útil da CPI se levantasse as causas maiores de acidentes. Tanto para confirmar a segurança de vôo, que está desacreditada por acidente aéreo e muitas trapalhadas que são administrativas,
como para a cobrança de correções,
quase sempre necessárias na acidentada aviação de pequeno porte.
Artilheiros
Mil gols de Romário. Pois é, como
chutam os jornalistas.
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