São Paulo, terça-feira, 22 de maio de 2007

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PF vê indícios de que Rondeau fez valor de obra subir R$ 2 mi

Ministro nega ter vínculos com o empresário Zuleido Veras, da Gautama; assessoria diz que ministério não faz licitações

Relatório da polícia sugere que ministro teria orientado empresa a fraudar medições de obras para o programa Luz para Todos no Piauí


VALDO CRUZ
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento do ministro Silas Rondeau (Minas e Energia) com a Gautama relata não só o pagamento de R$ 100 mil de propina como descreve que o dinheiro seria uma contrapartida por um superfaturamento de R$ 2 milhões numa obra do programa Luz para Todos, no Piauí.
Silas seria suspeito de ter orientado a Gautama, empresa que chefiaria o esquema, a fraudar medições técnicas de obras que fizera com o objetivo de receber R$ 7 milhões pelas obras em vez de R$ 5 milhões.
O relatório da PF diz que a funcionária da Gautama Fátima Palmeira "efetuou a entrega do dinheiro a Ivo [Almeida Costa, assessor do ministro] e a Silas [Rondeau]" no gabinete do ministro, no dia 13 de março deste ano. A visita de Palmeira ao ministério foi monitorada por agentes da PF, que solicitaram as fitas do circuito interno de TV. Elas mostram Palmeira entrando no gabinete de Ivo.
O relatório da PF admite não ter registrado "diálogo direto" de Silas Rondeau, mas diz que há indícios suficientes que "apontam prática de corrupção passiva" por parte do ministro.
Entre eles, cita gravações de uma conversa entre Zuleido Veras, dono da Gautama, e o empresário Sérgio Sá. Dirigindo-se a Zuleido, o empresário diz que "o chefão maior está indócil com aquilo", frase que os agentes acreditam se referir aos R$ 100 mil. O nome de Silas Rondeau surge ainda em uma gravação de uma conversa de Fátima Palmeira antes de ela ir ao ministério: "Não, não, só com o Ivo, Silas", diz Palmeira.
Segundo a PF, Zuleido Veras teria se reunido com Silas Rondeau, que, segundo a PF, "teria determinado" a criação de "justificativa técnica para justificar o faturamento". Mas, ao descrever o grampo telefônico, a PF não é tão afirmativa, dizendo apenas que a pessoa que sugeriu a fraude seria "possivelmente Silas". Segundo o relatório, o superfaturamento de R$ 2 milhões teria contado "com a participação do diretor do Programa Luz para Todos, José Ribamar Lobato Santana".
O ministério disse que Santana não iria se pronunciar sobre o tema e que Silas Rondeau nega qualquer vinculação com o empresário Zuleido Veras. Sobre o Luz para Todos, a assessoria de imprensa informou que o ministério não realiza licitações nem define preços nem contratações, e que o pagamento pelas obras não é feito pelo órgão. O ministério informou ter a informação de que ainda não havia sido feito nenhum pagamento aos contratos decorrentes da obra no Piauí.


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