Adriana Elias/Folha Imagem

O pré-candidato do PPB à Prefeitura de São Paulo, Paulo Maluf (à esquerda), ao lado de seu vice, o deputado federal Cunha Bueno

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Paulo Maluf (PPB) que chega hoje à sua terceira convenção para a Prefeitura de São Paulo se parece pouco com o de anos atrás: tem seu mais baixo patamar de intenção de voto para o cargo, chega à disputa sem o apoio de aliados políticos, dispõe do menor tempo no horário eleitoral gratuito das duas últimas campanhas de seu partido e vem enfrentando dificuldades até mesmo para a arrecadação de recursos.
Apesar do momento difícil, terá seu nome e de seu vice, o deputado federal pepebista Cunha Bueno, homologados na convenção da legenda que acontece a partir das 9h na sede do partido.
Segundo dados do Datafolha, em 88, quando acabou derrotado por Luiza Erundina (hoje no PSB), o piso de intenção de votos atingido por Maluf foi de 25%. Já em 92, quando saiu vitorioso contra Eduardo Suplicy, marido da candidata petista Marta Suplicy, teve um mínimo de 36%.
Na atual campanha, em março, com as acusações da ex-primeira-dama Nicéa Pitta contra Celso Pitta (PTN), o ex-prefeito atingiu seus piores índices, tendo oscilado entre 12% e 13%.
Padrinho político de Pitta -afastado do cargo por 19 dias por decisão judicial-, Maluf viu seu desgaste político se refletir na fuga de aliados tradicionais durante o período eleitoral.
Pela primeira vez em dez anos, o PPB disputa sozinho uma eleição. Nem mesmo com o nanico PSL foi possível um acordo para a disputa proporcional. Aliados como o PFL, coligado com os malufistas em 96 e 98, e o PL, que se juntou aos dois em 98, preferiram lançar candidatura própria este ano.
Maluf, entretanto, não admite o isolamento. ""Estamos bem isolados em primeiro lugar nas pesquisas", disse ontem, durante a divulgação do nome de seu vice.
Com 20% da intenção de voto dos paulistanos entrevistados pelo Datafolha, Maluf ocupa hoje a segunda colocação na disputa, em empate técnico com Luiza Erundina (18%). Marta lidera, com 30%.
Embora lideranças do PFL e do PL confirmem terem sido contatadas pelo ex-prefeito, Maluf nega ter procurado aliados para a disputa e diz que a opção por uma chapa só do PPB foi do partido.
"Fomos procurados por inúmeros partidos, mas eu disse que o vice seria nosso", declarou.
Mas, segundo a Folha apurou, o ex-prefeito disse a interlocutores que estava disposto a dar o cargo ao PL caso Marcos Cintra, que também oficializa hoje sua candidatura, se unisse ao PPB.
Sem as coligações, cai também o tempo do pepebista no rádio e na TV. Depois de ter garantido os maiores tempos no horário eleitoral gratuito em 96 e 98, Maluf deverá dispor agora apenas do terceiro tempo na mídia, atrás do PFL de Romeu Tuma e do PSDB de Geraldo Alckmin.
Nem mesmo no aspecto financeiro o ex-prefeito tem tido sucesso. A Folha apurou que, devido às dificuldades na arrecadação, Maluf cogita a utilização de chapas produzidas pela empresa de sua família, a Eucatex, como algo similar a outdoors.
De tamanho semelhante, as chapas seriam colocadas em terrenos de amigos do pré-candidato para evitar o pagamento aproximado de R$ 1.000 por quinzena pelo aluguel dos outdoors.
O presidente estadual do PPB, Adhemar de Barros Filho, declarou ainda que o número dos showmícios que marcaram as campanhas malufistas dos últimos anos será reduzido.
""Há dificuldades que são fruto dos tempos difíceis e da falta de uma figura habilidosa como a de Calim Eid (arrecadador do partido, morto no ano passado), afirmou Barros Filho. ""Nossa campanha será de muita sobriedade."
Simbolicamente, o atual momento do malufismo pode ser expresso até na escolha do local da convenção de hoje. Ao contrário de 98, 96 e 94, quando o partido realizou sua cerimônia de homologação de candidaturas em locais como a Câmara Municipal ou o Palácio das Convenções do Anhembi, o encontro de hoje- que terá como tema ""eu voltei" -será promovido em um local mais acanhado, a sede do partido.


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