São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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JANIO DE FREITAS
Prêmio à falsificação

Uma frase do governador Mário Covas foi suficiente para que o Plano Nacional de Segurança fosse modificado, às pressas, em uma de suas medidas mais decididas e características - a exigência de que os governadores, para ter direito a verbas do Fundo de Segurança, reduzissem a criminalidade em pelo menos 10%, nos respectivos Estados.
O comentário de Covas: "Se o governo federal diminuísse em 10% o desemprego, a gente conseguiria (diminuir os crimes em 10%)". A condição da queda, para fazer jus à verba, ficou no plano, mas os 10% sumiram. Nisso há duas evidências importantes.
O sumiço dos 10% entre a véspera e a apresentação do plano, anteontem, indica o nível de seriedade com que tal condição, de enorme importância para os Estados e seus habitantes, foi introduzida no plano. Daí para os milhões e bilhões abundantes, não há por que se imaginar que houvesse menos chute e mais seriedade.
Os tecnocratas do governo -tipo Pedro Parente, um dos integrantes do grupo de autores do plano- estão dominados pela monomania de limites percentuais. Se o prefeito e o governador não cortarem x nisso, não recebem o y a que teriam direito. As peculiaridades de cada Estado são ignoradas, como se o Acre fosse igual ao Paraná -o que acontece, de fato, na cabeça dos tecnocratas.
Como a tecnocracia é uma forma de ignorância inespecífica, com abrangência sobre todas as possibilidades do raciocínio, os tecnocratas planaltinos retiraram os 10% apenas para não levar outro trompaço de Mário Covas. Não perceberam o sentido acusatório do comentário. E continuaram sem perceber o estímulo danoso da exigência, com ou sem percentual definido.
A Folha constatou há alguns anos, quando São Paulo estava governado pelo PMDB, que as estatísticas oficiais paulistas só incluíam metade das ocorrências de que a polícia paulista tivera conhecimento. É isso mesmo que vai acontecer, em vários Estados, se as verbas dependerem de estatísticas sorridentes porque inverificáveis.
Isso, supondo-se que venham a existir os milhões e bilhões do plano, recebidos com descrença, quando não com escárnio, pela quase totalidade dos comentários sobre o novo balão tecnocrático do governo.

Genéricos, sempre
O Laboratório Teuto Brasileiro queixa-se de que já estavam reduzidos os preços dos seus dois medicamentos genéricos, cujos preços superiores aos dos remédios de marca foram aqui comentados. A nota não tratou da vigência, mas dos preços injustificáveis. E isso o Laboratório Teuto confirma em sua carta: "(...) embora os preços divulgados anteriormente fossem maiores do que os produtos de marca".
A carta atribui os preços elevados a que "a empresa não estava conseguindo comprar no mercado externo o princípio ativo por um preço competitivo". Nesse caso, a compra negará a finalidade do medicamento genérico, que é proporcionar ao consumidor preços mais baratos 30%, 40% e até mais, em relação aos remédios com nome comercial.


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