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SOCORRO A BANCOS
Consultor disse ao depor a juiz que tentou agredir ex-namorada para que ela mudasse depoimento
Bragança é solto; Cacciola continua preso
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A Justiça determinou ontem
que o consultor Luiz Augusto
Bragança, preso desde o dia 7 deste mês por envolvimento no socorro do Banco Central ao banco
Marka, fosse libertado. O banqueiro Salvatore Cacciola, ex-dono do banco Marka, entretanto,
continuará preso.
Bragança teve sua prisão preventiva decretada a pedido do
MPF (Ministério Público Federal), que o acusou de coação de
testemunha. Mas o juiz Abel Fernandes Gomes, da 6ª Vara Criminal Federal -o mesmo que determinou a prisão-, considerou
que em seu depoimento à Justiça,
semana passada, Bragança deixou claro que não mais procurará
a ex-namorada Regina Lúcia Bittencourt Sampaio para convencê-la a mudar o depoimento contra
ele.
Ao depor, Bragança confirmou
que agrediu Regina Lúcia, como
ela havia afirmado à Polícia Federal, durante o inquérito sobre o
caso Marka, que deu prejuízo aos
cofres públicos estimado em R$
1,6 bilhão.
No caso de Cacciola, o juiz alegou que seu depoimento não conseguiu provar a inveracidade das
denúncias contra ele. O banqueiro é acusado de gestão fraudulenta, corrupção passiva, peculato,
entre outros.
Fernandes Gomes disse que "a
ordem pública estaria violada ou
ameaçada, quando o réu, solto,
poderia concluir o crime inacabado ou praticar outros delitos".
Bragança, Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, Cacciola e outras dez pessoas são acusadas pelo MPF de crimes contra
o Sistema Financeiro Nacional.
Cacciola e Bragança foram denunciados à Justiça pelos crimes
de gestão fraudulenta, desvio de
dinheiro público, peculato e corrupção ativa. Se condenados, podem pegar de 3 a 12 meses e de 1 a
8 anos de prisão, respectivamente, mais pagamento de multa.
Os dois foram detidos a pedido
do MPF, que no início do mês encerrou as investigações sobre a
operação de socorro do BC aos
bancos Marka e FonteCindam.
Celas separadas
Cacciola e Bragança ocupavam
celas separadas na prisão especial
do Ponto Zero, em Benfica, na zona norte do Rio.
Bragança atuava como consultor do banqueiro e em janeiro de
99 viajou com Cacciola a Brasília,
para intermediar as negociações
com o então presidente do BC,
Francisco Lopes, que também está entre as 13 pessoas denunciadas
esta semana pelo MPF.
Ao pedir a prisão de Cacciola e
Bragança, o MPF alegou no primeiro caso possibilidade de fuga e
no segundo coação de testemunha. Para os procuradores federais, Cacciola, que tem nacionalidade italiana, poderia fugir do
país.
Procurado pela Folha, o advogado de Cacciola, José Carlos Fragoso, estava em reunião em seu
escritório e não foi encontrado.
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