São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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SOCORRO A BANCOS
Consultor disse ao depor a juiz que tentou agredir ex-namorada para que ela mudasse depoimento
Bragança é solto; Cacciola continua preso


SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça determinou ontem que o consultor Luiz Augusto Bragança, preso desde o dia 7 deste mês por envolvimento no socorro do Banco Central ao banco Marka, fosse libertado. O banqueiro Salvatore Cacciola, ex-dono do banco Marka, entretanto, continuará preso.
Bragança teve sua prisão preventiva decretada a pedido do MPF (Ministério Público Federal), que o acusou de coação de testemunha. Mas o juiz Abel Fernandes Gomes, da 6ª Vara Criminal Federal -o mesmo que determinou a prisão-, considerou que em seu depoimento à Justiça, semana passada, Bragança deixou claro que não mais procurará a ex-namorada Regina Lúcia Bittencourt Sampaio para convencê-la a mudar o depoimento contra ele.
Ao depor, Bragança confirmou que agrediu Regina Lúcia, como ela havia afirmado à Polícia Federal, durante o inquérito sobre o caso Marka, que deu prejuízo aos cofres públicos estimado em R$ 1,6 bilhão.
No caso de Cacciola, o juiz alegou que seu depoimento não conseguiu provar a inveracidade das denúncias contra ele. O banqueiro é acusado de gestão fraudulenta, corrupção passiva, peculato, entre outros.
Fernandes Gomes disse que "a ordem pública estaria violada ou ameaçada, quando o réu, solto, poderia concluir o crime inacabado ou praticar outros delitos".
Bragança, Francisco Lopes, ex-presidente do Banco Central, Cacciola e outras dez pessoas são acusadas pelo MPF de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
Cacciola e Bragança foram denunciados à Justiça pelos crimes de gestão fraudulenta, desvio de dinheiro público, peculato e corrupção ativa. Se condenados, podem pegar de 3 a 12 meses e de 1 a 8 anos de prisão, respectivamente, mais pagamento de multa.
Os dois foram detidos a pedido do MPF, que no início do mês encerrou as investigações sobre a operação de socorro do BC aos bancos Marka e FonteCindam.

Celas separadas
Cacciola e Bragança ocupavam celas separadas na prisão especial do Ponto Zero, em Benfica, na zona norte do Rio.
Bragança atuava como consultor do banqueiro e em janeiro de 99 viajou com Cacciola a Brasília, para intermediar as negociações com o então presidente do BC, Francisco Lopes, que também está entre as 13 pessoas denunciadas esta semana pelo MPF.
Ao pedir a prisão de Cacciola e Bragança, o MPF alegou no primeiro caso possibilidade de fuga e no segundo coação de testemunha. Para os procuradores federais, Cacciola, que tem nacionalidade italiana, poderia fugir do país.
Procurado pela Folha, o advogado de Cacciola, José Carlos Fragoso, estava em reunião em seu escritório e não foi encontrado.


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