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QUESTÃO AGRÁRIA
CNBB mediou primeira reunião, que durou mais de 4 horas
MST e governo não chegam a acordo
VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Em mais de quatro horas de
reunião, governo e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra) não conseguiram chegar a um acordo sobre nenhuma
proposta.
Participaram do encontro, realizado ontem com a intermediação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os
ministros Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) e José
Gregori (Justiça).
Foi o primeiro encontro que as
duas partes tiveram desde que o
MST ocupou prédios públicos em
abril. Ficou marcada para sexta-feira, 30, nova reunião. Até lá, governo e sem-terra devem estudar
a pauta de ontem.
O MST criticou a proposta de
novo encontro. Jaime Amorim, líder da direção nacional, disse que
ficou "decepcionado" com o encontro.
Ele deixou claro que não haverá
trégua nas invasões de terra ou de
prédios públicos enquanto durarem as conversas. "Se for necessário, vamos continuar usando esse
instrumento de luta", afirmou.
Jungmann afirmou que as invasões foram resolvidas com leis e
que o assunto é "inegociável". Por
isso, não foi discutido na reunião.
O governo quer que o MST integre o conselho curador do Banco
da Terra e o Conselho Nacional de
Desenvolvimento Rural. Amorim
descartou essa possibilidade. A
proposta oficial prevê também
realização de reuniões bimensais
como a de ontem.
Jungmann informou que na
próxima terça-feira haverá reunião entre secretários-executivos
de pelo menos oito ministérios.
Os ministros das áreas também se
encontrarão para discutir soluções para problemas sociais e reforma agrária.
O governo estuda não só fazer
modificações no orçamento do
Ministério de Desenvolvimento
Agrário como também alocar recursos de áreas como educação e
saúde para atender os assentamentos nesses setores.
O MST quer que o governo assente imediatamente cerca de 150
mil famílias que, segundo os números da entidade, estariam
acampadas. Ouviu de Jungmann
que só poderão ser assentadas 45
mil famílias neste ano.
Os sem-terra querem, ainda,
reajuste no crédito de implantação dos assentamentos, que inclui
despesas com fomento da produção, alimentação e habitação. O
MST quer aumentar a verba para
habitação de R$ 2.500 para R$
4.500.
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