São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2000


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QUESTÃO AGRÁRIA
CNBB mediou primeira reunião, que durou mais de 4 horas
MST e governo não chegam a acordo


VALÉRIA DE OLIVEIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Em mais de quatro horas de reunião, governo e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não conseguiram chegar a um acordo sobre nenhuma proposta.
Participaram do encontro, realizado ontem com a intermediação da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), os ministros Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário) e José Gregori (Justiça).
Foi o primeiro encontro que as duas partes tiveram desde que o MST ocupou prédios públicos em abril. Ficou marcada para sexta-feira, 30, nova reunião. Até lá, governo e sem-terra devem estudar a pauta de ontem.
O MST criticou a proposta de novo encontro. Jaime Amorim, líder da direção nacional, disse que ficou "decepcionado" com o encontro.
Ele deixou claro que não haverá trégua nas invasões de terra ou de prédios públicos enquanto durarem as conversas. "Se for necessário, vamos continuar usando esse instrumento de luta", afirmou.
Jungmann afirmou que as invasões foram resolvidas com leis e que o assunto é "inegociável". Por isso, não foi discutido na reunião.
O governo quer que o MST integre o conselho curador do Banco da Terra e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural. Amorim descartou essa possibilidade. A proposta oficial prevê também realização de reuniões bimensais como a de ontem.
Jungmann informou que na próxima terça-feira haverá reunião entre secretários-executivos de pelo menos oito ministérios. Os ministros das áreas também se encontrarão para discutir soluções para problemas sociais e reforma agrária.
O governo estuda não só fazer modificações no orçamento do Ministério de Desenvolvimento Agrário como também alocar recursos de áreas como educação e saúde para atender os assentamentos nesses setores.
O MST quer que o governo assente imediatamente cerca de 150 mil famílias que, segundo os números da entidade, estariam acampadas. Ouviu de Jungmann que só poderão ser assentadas 45 mil famílias neste ano.
Os sem-terra querem, ainda, reajuste no crédito de implantação dos assentamentos, que inclui despesas com fomento da produção, alimentação e habitação. O MST quer aumentar a verba para habitação de R$ 2.500 para R$ 4.500.


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