São Paulo, sábado, 22 de junho de 2002

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PT SOB SUSPEITA

"Isso faz parte do esquema de terrorismo do próprio governo contra o processo eleitoral", afirma petista

Lula acusa governo de praticar "terrorismo"

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem em Curitiba que as denúncias contra a administração do PT na Prefeitura de Santo André fazem parte "do terrorismo" do governo contra o processo eleitoral.
"Eu confesso a vocês que não tenho dúvida de que isso [as denúncias de que empresários de Santo André extorquiam dinheiro para financiar campanhas do PT" faz parte do esquema de terrorismo do próprio governo contra o processo eleitoral", disse Lula.
Ele classificou as acusações de "uma tentativa de igualar o PT ao processo de corrupção no Brasil". Lula não citou nomes: "Não é a primeira vez que eles [o governo" fazem isso e não será a primeira vez que vão quebrar a cara", afirmou. "Primeiro porque o PT aceita esse debate, aceita as investigações, mas o PT aceita também que os acusadores também sejam responsabilizados por isso."
O governo contestou as acusações de Lula. O ministro Pedro Parente (Casa Civil) falou que o governo considera a declaração grave e que, se Lula tiver qualquer elemento concreto e objetivo para prová-la, tem a obrigação de apresentar ou então se retratar. Parente disse que o esquema surgiu a partir de investigações da Promotoria em São Paulo e que o governo soube do caso pela imprensa.
Lula chegou a ser irônico ao dizer que não teme desgaste eleitoral com denúncias de extorsão levadas pelo Ministério Público de São Paulo à Justiça: "Veja se minha mão está tremendo?"
Ele disse que cabe "às pessoas que levantaram essa leviandade" dar esclarecimentos sobre as acusações. "O povo brasileiro está muito calejado e sabe que em épocas de campanha aparecem essas coisas [denúncias", que desaparecem do mesmo jeito que surgiram, sem que os acusadores assumam a responsabilidade de provar o que falaram", afirmou.
Sobre a acusação de envolvimento no caso do presidente nacional do PT, José Dirceu, ele declarou: "A nota lida pelo presidente do PT, José Dirceu, me contempla e demonstra toda a seriedade do PT e do José Dirceu".
Segundo depoimento de João Francisco Daniel, irmão de Celso Daniel (prefeito assassinado em janeiro), José Dirceu recebia o dinheiro coletado junto a empresas que prestavam serviços à Prefeitura de Santo André para formação de caixa de campanha do PT.
"Acho que, se há suspeita, a gente vai exigir que haja investigação, que se apure, e que o ônus da prova fique com o acusador", disse. Lula esteve em Curitiba participando de um debate do presidenciável com empresários e líderes de sindicatos patronais na Fiep (Federação das Indústrias do Paraná). Ele falou a cerca de 200 pessoas durante quase duas horas.
Lula defendeu a reforma política e a criação de um fundo público de financiamento de campanhas. "Estou convencido de que a forma mais limpa de fazer campanha é o financiamento público e, mais ainda, com a proibição de empresários darem dinheiro às campanhas [eleitorais"".
Segundo Lula, "é preciso acabar com essa dependência financeira na época de campanhas", disse: "Empresário que quiser participar, deve depositar a doação no fundo. Será bom para vocês [empresários", para os partidos e para os eleitos". Ele assistiu no hotel, com três assessores, a vitória da seleção. Ao ser questionado se havia assistido ao jogo sozinho, respondeu: "Você acha que vou morrer de infarto sozinho?"


Colaborou a Sucursal de Brasília



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