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PREVIDÊNCIA EM XEQUE
14 deputados se dizem favoráveis à proposta do governo Lula, e 13, contrários
Cobrança de inativo divide a comissão da Previdência
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
A comissão especial da Câmara
dos Deputados que analisa a reforma da Previdência está dividida em relação ao item mais polêmico da proposta, a cobrança de
contribuição previdenciária dos
servidores inativos. Catorze dos
38 integrantes se declararam favoráveis à proposta e 13 foram
contra. Desses, sete pertencem à
base aliada ao governo, que vem
tentando aprovar a reforma sem
alterações significativas.
Além disso, dos 14 favoráveis à
cobrança, 10 defendem aumento
na faixa de isenção proposta pelo
governo, que é para salários até
R$ 1.058. A maioria das sugestões
é elevar a faixa para R$ 2.400.
Os números foram obtidos em
enquete realizada pela Folha nos
últimos dias. A reportagem ouviu
33 dos 38 integrantes (alguns não
quiseram responder a algumas
perguntas) e constatou ainda que
o governo terá que se desdobrar
caso queira aprovar outro ponto
polêmico: a redução das pensões
a até 70% do salário do servidor.
Nessa questão, 23 dos consultados se declararam contrários à
proposta como ela veio do Executivo, contra apenas 5 que a aprovam (os outros 5 não se posicionaram). Vários deles propõem alterações na idéia ou simplesmente a retirada dessa proposta.
Sobre a reforma como um todo,
seguem abaixo algumas entre as
várias declarações de oposição
colhidas pela Folha: "Eu não voto
essa proposta do governo por vários motivos. Ela não resolve o
problema", disse o deputado Gervásio Silva (SC), do oposicionista
PFL. "A reforma toda não presta",
sentencia Alceu Collares (RS),
que pertence ao PDT, partido que
pelo menos oficialmente ainda
compõe a base do governo.
"Temos constatado que nós
sempre enfrentamos no início um
processo de debates e de discussões, mas a busca do convencimento da base e da negociação
com a oposição têm dado resultado. Esse é o nosso método e estamos obtendo êxitos com ele", rebateu o deputado Aldo Rebelo
(PC do B-SP), líder do governo na
Câmara, ao ser confrontado com
os resultados do levantamento.
Na ponta do lápis, o Palácio do
Planalto conta oficialmente com
24 votos na comissão, contra 14
dos partidos de oposição e dos independentes. Essa fase da tramitação -a última antes da votação
em plenário- é reservada às
emendas dos parlamentares, sendo que um parecer do relator (José Pimentel, do PT do Ceará) vai a
voto no final, sendo aprovado pela maioria dos presentes.
O problema é que, na prática,
nem todos os votos da base aliada
são fiéis ao governo e, em parte
daqueles que são, há discordâncias pontuais. É o caso, por exemplo, de Henrique Fontana (PT-RS), um dos principais defensores
do governo na Casa. Ele afirma
que votará com a decisão da bancada, mas, a princípio, propõe alterações em questões como a faixa de isenção para a taxação dos
inativos (defende R$ 2.400), a
criação dos fundos de Previdência
complementar (públicos e unificados para Estados e municípios)
e a pensão limitada a até 70% do
salário do servidor só para salários maiores que R$ 2.400.
Os problemas do governo com
sua base estão mais focalizados no
PTB, o PC do B e o PDT. Cinco integrantes dessas legendas são radicalmente contrários à reforma.
Caso sejam mantidos durante a
votação (os líderes podem substituí-los), o governo perderia a
maioria em relação à oposição e
aos independentes -19 a 19.
A questão no PT, que também
apresentava problemas para o
Planalto, foi resolvida na quarta-feira com a substituição de dois
descontentes -Ivan Valente (SP)
e Doutor Rosinha (PR)- por deputados "fiéis" ao Planalto.
O estabelecimento de uma regra
de transição para questões como
o aumento em sete anos da idade
mínima para aposentadoria dos
servidores também parece ter encontrado consenso na comissão:
22 são favoráveis contra 5 que se
declararam contrários.
O último ponto da enquete
questionou se os deputados são
favoráveis à criação dos fundos de
Previdência complementar. Vinte
e um responderam que sim, embora vários deles coloquem condicionantes, como a exigência de
que eles sejam públicos.
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