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Perdemos referência importante, diz Lula
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Leonel Brizola e o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, durante comício pelas eleições diretas, realizado em Porto Alegre, em 84 |
Presidente afirma que admirava personalidade política representada por Brizola, que havia rompido com governo em 2003
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva declarou ontem que, apesar das divergências, "lamenta
profundamente" a morte do ex-governador do Rio de Janeiro e
presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, 82. Lula terminava
um jantar com o presidente da
Colômbia, Álvaro Uribe, quando
foi avisado da morte do pedetista.
Para Lula, o país perde referência importante de sua história.
"Eu acho que ele foi um personagem de nossa história durante
mais de meio século. Acho que ele
é uma figura de muita importância política para o Brasil. E acho
que nós perdemos. Perdemos
uma referência importante da
nossa política", afirmou.
Brizola apoiou Lula no segundo
turno das eleições presidenciais
de 2002, mas rompeu com o governo no final do ano passado.
Em 1998, o pedetista foi o vice na
chapa de Lula à Presidência.
"Obviamente, eu lamento profundamente a morte de uma personalidade política como a do governador Brizola. Todo mundo
sabe que, mesmo nos momentos
de divergência, eu sempre nutri
um profundo respeito e admiração pela história política do Brizola", afirmou o presidente.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse estar
"chocado" com a morte.
"Eu, pessoalmente, fico muito
chocado, porque a minha geração
viveu várias tentativas de golpe de
Estado, e algumas acabaram dando certo, infelizmente. Eu era
muito jovem e me lembro da "cadeia da legalidade" que o Brizola
comandou." E concluiu: "Para
mim, [Brizola] é uma pessoa que
sempre esteve em defesa da ordem democrática no momento
em que ela foi ameaçada".
História
A ruptura do PDT com o governo Lula se deu no final do ano
passado. À época, Brizola alegou
que a decisão da saída da base
aconteceu depois de uma análise
do primeiro ano do governo, na
qual se chegou à conclusão de que
Lula repete Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002).
O líder pedetista intimou os filiados do partido a deixar o governo, sob pena de desligamento. O
ex-ministro Miro Teixeira, então
na pasta das Comunicações, preferiu sair do PDT. Na oposição,
Brizola foi a favor da CPI dos Bingos, requerida em razão do caso
Waldomiro Diniz.
Em maio último, o ex-governador foi citado na reportagem do
"New York Times" segundo a
qual o "hábito de bebericar" do
presidente Lula era uma "preocupação nacional" no Brasil. "Quando eu fui candidato a vice-presidente de Lula, ele bebia muito",
diz Brizola na reportagem.
Em um de seus últimos artigos,
escrito antes da primeira votação
da medida provisória do salário
mínimo na Câmara e publicado
no site do PDT, o pedetista criticou as "desculpas esfarrapadas"
que, segundo ele, eram usadas pelo governo para defender o mínimo de R$ 260: "As desculpas esfarrapadas têm um conteúdo de
crueldade e cinismo que fica a dever à infame época da ditadura".
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