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Herdeiro político de Vargas, pedetista
encampou múltis
DA REDAÇÃO
Leonel de Moura Brizola foi um
dos principais líderes nacionalistas do país. Herdeiro político de
Getúlio Vargas e de João Goulart,
defendia o apoio do Estado aos
produtores nacionais e restrições
à atuação do capital estrangeiro.
Quando governou o Rio Grande
do Sul, encampou as subsidiárias
de duas multinacionais: a Companhia de Energia Elétrica Rio-Grandense, filial da Amforp, em
1959, e a Companhia Telefônica
Rio-Grandense, da ITT, em 1962.
Criou a Caixa Econômica Estadual e adquiriu o controle acionário do Banco do Rio Grande do
Sul, usando essas instituições para financiar fazendeiros e industriais do Estado. Construiu termelétricas e rodovias ligando as regiões agrícolas aos portos de Porto Alegre e Rio Grande. Criou a
Aços Finos Piratini e pressionou o
governo federal a instalar uma refinaria de petróleo no Estado.
Filho de camponeses pobres,
defendeu uma reforma agrária radical e apoiou o Movimento dos
Agricultores Sem Terra (Master).
Alfabetizado por sua mãe, destacou-se por suas iniciativas na educação: construiu 6.302 estabelecimentos de ensino no governo
gaúcho; no Estado do Rio, implantou os Cieps (Centros Integrados de Educação Pública).
Leonel de Moura Brizola nasceu
em 22 de janeiro de 1922 no povoado de Cruzinha, que pertenceu a Passo Fundo (RS) até 1931,
quando passou à jurisdição de
Carazinho (RS). Seu pai, José de
Oliveira Brizola, morreu na Revolução Federalista de 1923, combatendo os republicanos.
Fez o primário em Passo Fundo
e um curso técnico em Viamão.
Exerceu trabalhos manuais em
Gravataí e Porto Alegre. Para continuar os estudos, fez o supletivo
na capital gaúcha. Em 1945, começou a cursar engenharia civil
na Universidade do Rio Grande
do Sul, formando-se em 1949.
Simpatizante do presidente Getúlio Vargas, ingressou no PTB
em 1945 e, em 1947, foi eleito deputado estadual. Em março de
1950, Brizola casou-se com Neuza
Goulart, irmã do deputado João
Goulart, tendo Getúlio Vargas como padrinho de casamento.
Candidatou-se a prefeito de
Porto Alegre em 1951, mas foi derrotado. Eleito deputado federal
em 1954, no ano seguinte foi eleito
prefeito da capital gaúcha. Em outubro de 1958, foi escolhido governador do Estado com mais de
55% dos votos -em aliança com
o PRP, de Plínio Salgado. Tomou
posse no ano seguinte. Quando o
presidente Jânio Quadros renunciou, em 25 de agosto de 1961, os
ministros militares tentaram vetar a posse de Jango, então no exterior. Brizola liderou a campanha da legalidade, em defesa do
vice. O Congresso acabou aprovando às pressas emenda que instituiu o parlamentarismo, para
permitir a posse de Goulart.
Em 1962, Brizola foi eleito deputado federal com votação recorde
(269 mil votos). Na Câmara, passou a liderar a ala radical do PTB,
que defendia a implantação da reforma agrária, enquanto preparava sua candidatura à Presidência,
em 1965. Em 1964, Goulart foi deposto por militares. Brizola teve
de se exilar no Uruguai, onde articulou tentativas de insurreição armada. Expulso do país em 1977,
refugiou-se nos EUA e em Portugal. Voltou ao país em 1979, após a
aprovação da Lei da Anistia.
Tentou recriar o PTB, mas perdeu a sigla para o grupo liderado
por Ivete Vargas, em 1980. Criou o
PDT, pelo qual foi eleito governador do Rio em 1982. Tomou posse
em 1983. Sua gestão foi marcada
pela implantação dos Cieps. Inicialmente defendeu a prorrogação do mandato do general João
Baptista Figueiredo por dois anos,
mas em 1984 passou a apoiar a
campanha pelas diretas-já. Em
1989, disputou a Presidência, ficando em terceiro lugar. Em 1990,
voltou a ser eleito governador do
Rio. Fez um acordo político com o
presidente Fernando Collor. Por
isso, demorou a aderir à campanha pelo impeachment, em 1992.
Voltou a disputar a Presidência
em 1994, mas teve apenas 3,2%
dos votos. Em 1998, candidatou-se a vice na chapa de Lula. Em
2000, disputou a Prefeitura do
Rio, mas obteve apenas 9,1% dos
votos. Foi sua última campanha.
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