São Paulo, quinta-feira, 22 de junho de 2006

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Toda Mídia

Nelson de Sá

Escondendo o jogo

Desde a manhã, na Globo, "mistério". À tarde, "o mistério continua". À noite, "e continua o mistério da escalação". No meio da transmissão de Argentina e Holanda, fim de tarde, o comentarista Falcão assiste à entrevista de Carlos Alberto Parreira e sai cobrando, "não definiu absolutamente nada".
Mas não, observou antes o Globo Esporte, "Parreira não está escondendo o jogo do outro lado, do Japão". Está escondendo da Globo mesmo.

O monopólio global não é nenhuma Microsoft, mas é curioso um paralelo recente.
Semana passada, como noticiaram agência Reuters e outros, o "famoso blogueiro da Microsoft Robert Scoble deixou" a corporação.
Ele ganhou fama com seus posts reveladores, que "ajudaram a quebrar a mentalidade de cerco de seu empregador" e, por outro lado, "suavizaram a reputação de destruidora monopolista da Microsoft".
 
Não se espera o mesmo do blog do "Jornal Nacional", é claro, até porque o Scobilizer de Scoble era só dele, não um coletivo da corporação.
Ainda assim, é divertido vislumbrar os bastidores da cobertura que tanto defende Ronaldo e Adriano, enquanto ataca Ronaldinho e Cafu.
Do post de uma editora, se dizendo "tricolor de coração", do hino do Fluminense:
- Flamenguista é bicho estranho. Não se desliga do time. Em plena Copa, tá sempre elogiando o Juan (por causa das origens) e exclamando que o Júlio César é o melhor. Tem um ao meu lado na redação. Ameaçou torcer pelo Japão porque é do Zico.
 
Aos que começam, Scoble deixa, no dizer da Reuters, "um conselho sucinto":
- Entenda a cultura de sua empresa antes de começar a falar pelos cotovelos. Quando você começar a quebrar as regras, é melhor saber que vai estar quebrando as regras.

INCLUSÃO OU TRAIÇÃO


Fernanda e Regina, nos intervalos do horário nobre


Diz Fernanda Montenegro, protagonista de "Belíssima", num comercial no horário nobre, que "o Banco do Brasil investe no desenvolvimento, gerando trabalho e renda, e na educação, contribuindo para a inclusão social".
Ato contínuo, vem a personagem da atriz Regina Duarte e diz ao marido, num comercial de "Páginas da Vida", que vai substituir "Belíssima", que tem "vergonha, vergonha de não ter percebido antes o mau-caráter que você é". Vem o locutor e explica que se trata de "uma respeitada médica, que descobriu que está sendo traída".

LULA OU LULA


Capas das revistas, na internet e na televisão


Enquanto as capas contra Lula se amontoam, em uma campanha publicitária da revista "Veja" no horário nobre, o site Carta Maior traz em sua home page o lançamento -e reproduz textos- da "Revista do Brasil", "viabilizada pela união de 23 entidades sindicais". Com Lula na capa, mas em outra direção, a revista anuncia em editorial que "começa a circular mensalmente, distribuída a cerca de 360 mil sócios dos sindicatos que participam, mas vai crescer e chegar à circulação mensal -e às bancas".

ESQUISITÍSSIMO
Mais horário nobre.
A blogosfera esquerdista, em sites tipo consciencia.net, abriu até campanha viral de denúncia dos comerciais do "esquisitíssimo" movimento Quero Mais Brasil, "apoiado pelo império global" e com "ênfase neoliberal típica".

MENOS ELEIÇÃO
Mas tem quem defenda que "pensem um pouco menos em eleição e futebol" em Brasília. Gilberto Dimenstein na Folha Online e o ex-ministro Paulo Renato no blog E-Agora estão avisando que "não aprovar o Fundeb irá criar uma situação caótica no ensino básico".

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@ - Nelson de Sá


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