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Mensalão pode se repetir em eventual 2º mandato de Lula, avaliam analistas
DA REDAÇÃO
Apesar da repercussão de
três CPIs (Bingos, Correios e
Mensalão), cientistas políticos
dizem acreditar que episódios
de corrupção como o mensalão
podem se repetir em um eventual segundo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Fábio Wanderley Reis, professor da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais) diz
esperar turbulências na governabilidade em um possível segundo mandato petista. "Teríamos uma oposição frustrada,
que apostou suas fichas nas
CPIs e que inclusive recuou do
impeachment, julgando que ele
não seria necessário", afirma.
Com isso, estaria montado o
cenário para um "replay" do
mensalão. "Certamente vai haver mais temor e cuidado, mas
não excluo que mecanismos do
mesmo tipo [do mensalão] continuem a ser utilizados. Não vejo razão para excluir a continuidade das ilegalidades."
Luciano Dias, pesquisador do
Ibep (Instituto Brasileiro de
Pesquisas Políticas), é mais incisivo. "Não há identidade político-ideológica entre o PT e sua
coalizão, vamos ter mais modalidades de mensalão, talvez de
forma mais inteligente, menos
vulnerável. Mas não tenho dúvida de que mecanismos semelhantes voltarão a ser usados."
Já Renato Lessa, professor
do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), é menos pessimista sobre as alianças. "As coalizões
serão menos criminosas por estar sob olhar atento da Justiça e
do Ministério Público", aponta.
Resultados
Dias, que diz acreditar em
punição dos mensaleiros pelas
urnas, vê como positiva a conexão que as CPIs criaram com o
Ministério Público. "Por muito
tempo, as CPIs ficaram marcadas pela imagem de operações
estritamente políticas, muitas
vezes inconseqüentes, com
pouco amparo legal."
Para Lessa, no entanto, o
Brasil não ficou mais transparente e não houve esclarecimento público suficiente. "As
CPIs são excessivas, histriônicas e provocam saturação de informações. A idéia é produzir o
máximo de efeitos políticos
imediatos, o máximo de barulho e não de investigação."
Para Rogério Schmitt, da
consultoria Tendências, as
CPIs tiveram resultado "frustrante" e isso permite que a história se repita. "Foi um final
bastante melancólico. As CPIs
apresentaram poucas propostas práticas para que fenômenos como esse [o mensalão] se
repitam no futuro. Não me parece que as instituições brasileiras estejam mais imunes [do
que antes] a esses episódios."
Reis diz acreditar que "o
grosso do eleitorado popular,
que decide as eleições, é desatento às investigações. "As denúncias reforçam a idéia de que
todos são iguais e de que práticas como o caixa dois atingem
todo mundo. Já que é assim, o
grosso da população pensa: "Vamos votar no que parece ser
mais parecido conosco"."
(BRUNO LIMA e MARCELA CAMPOS)
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