São Paulo, segunda-feira, 22 de julho de 2002

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Candidato faz apelo a evangélicos

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em baixa nas pesquisas de intenção de voto, o presidenciável Anthony Garotinho (PSB) usou de sua condição de evangélico para pedir votos anteontem à noite em um evento de líderes da Igreja Sara Nossa Terra onde se misturou política com religião e críticas ao governo.
Em um discurso cheio de saudações religiosas e citações bíblicas, Garotinho pediu engajamento em sua campanha e votos "no presidente que vai discutir valores e se preocupar com a família".
O candidato lançou um slogan para ser usado pelos evangélicos na hora de pedir votos. "Ele é meu irmão, ele é crente, mas eu voto nele porque ele é competente".
Na onda dos presidenciáveis de aproveitar a presença da família nas campanhas, Garotinho subiu no palco com a filha Clarissa, 21, que havia passado o dia em Brasília fazendo panfletagem.
Em uma fusão de religião e política, o presidenciável se ajoelhou no palco do Ginásio Nilson Nelson, o maior do Distrito Federal, para ouvir a oração do bispo Robson Rodovalho, o líder da Igreja Sara Nossa Terra, na qual classificou a pretensão de Garotinho à Presidência de "projeto divino" e não um "projeto humano".
"Deus, o Brasil não merece o que está passando. Somos um país maravilhoso, com riquezas e com um povo maravilhoso. Coloque políticos hábeis e honestos. Coloque nosso irmão Anthony Garotinho na Presidência em nome do Senhor Jesus Cristo."

Espinheiro
Garotinho usou a Bíblia para justificar sua candidatura e criticar o governo. Contou a parábola na qual as árvores se reuniram para eleger o rei. Depois de consultarem a oliveira, que não quis deixar de produzir o azeite, a figueira, que não quis largar a doçura da fruta, e a videira, que não concordou em deixar de produzir o vinho para os homens, encontram o espinheiro que aceitou com a condição de que todos vivessem sob sua sombra inexistente.
"O espinheiro é a miséria, a fome, a injustiça. Tudo que é provocado a partir de um modelo econômico que privilegia tanto o sistema financeiro em detrimento das pessoas. Não estamos tratando de uma pessoa, estamos falando de um sistema injusto. Um sistema que reina há muito tempo", disse mais tarde em entrevista.
Depois de afirmar que os evangélicos são discriminados, Garotinho evitou dizer que tem sido discriminado politicamente como o único dos três principais candidatos de oposição a não ser chamado para um encontro com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. "Provavelmente ele irá chamar ainda. Eu acredito na boa-fé dele", afirmou.


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