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REFORMA SOB PRESSÃO
Sem comentar greve, presidente faz apelo para que reforma seja tratada nos "limites constitucionais"
Lula pede que juízes tenham "bom senso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva fez um apelo, por meio de
seu porta-voz, para que os juízes
tratem o projeto de reforma da
Previdência dentro dos "limites
constitucionais e do bom senso".
A categoria está dividida, mas os
juízes estaduais e do trabalho
marcaram uma greve para o período de 5 a 12 de agosto.
"O presidente da República está
seguro de que os juízes tratarão a
proposta de reforma da Previdência dentro dos limites constitucionais e do bom senso. O presidente
acredita também que, no processo das reformas, cada Poder vem
cumprindo seu papel com a independência prevista na Constituição", afirmou André Singer, porta-voz da Presidência.
O Planalto não quis comentar a
possibilidade de greve, mas informou que Lula avalia que a negociação está sendo encaminhada
com tranquilidade. Um dos motivos seria o próprio apelo do presidente do STF (Supremo Tribunal
Federal), Maurício Corrêa, contra
uma paralisação.
Entre as reivindicações dos juízes, estão o aumento do subteto
dos salários do Judiciário nos Estados de 75% para 90,25% dos
vencimentos do Supremo Tribunal Federal e aposentadoria integral também para os juízes que ingressarem na carreira após a promulgação da emenda.
O líder do governo na Câmara,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse
ontem à noite, ao sair de reunião
com o ministro José Dirceu (Casa
Civil), que não vê motivo para a
"perda da serenidade" dos juízes
que decidiram entrar em greve
contra a reforma da Previdência.
Na reunião, o governo chegou à
conclusão que a greve dos juízes
estaduais é um problema dos governadores e dos cidadãos. Por isso, avalia que não tem nada a oferecer aos grevistas e não vai mudar a proposta de reforma previdenciária.
Segundo Rebelo, é por meio da
negociação que se pode encontrar
uma saída. "O governo não está
tentando empurrar a reforma
goela abaixo de ninguém. Vem
negociando as propostas que surgem e não vê razão para a perda
da serenidade nesta fase final de
negociações", disse.
Segundo Rebelo, a greve não
afetará a tramitação da emenda,
porque "o governo não se orienta
por pressões localizadas". Ele disse que o governo continua com a
mesma "serenidade" e espírito de
diálogo para continuar negociando a emenda da Previdência.
O líder do PT na Câmara, Nelson Pellegrino (BA), que participou da mesma reunião, no Palácio do Planalto, afirmou que o relatório do deputado José Pimentel
(PT-CE) acolheu muitas sugestões da magistratura. "Acho que é
com negociação, com conversa,
que podemos resolver", afirmou.
Sem atritos
Revertendo a tendência dos discursos presidenciais e procurando evitar maiores atritos, o Planalto também não quis repercutir
diretamente a ameaça de crise
institucional alardeada pelo próprio Judiciário.
Em nota divulgada na semana
passada, a AMB (Associação dos
Magistrados Brasileiros), Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho)
e Conamp (Associação Nacional
dos Membros do Ministério Público) afirmaram que existe uma
"situação desagregadora e caótica" e um "risco de uma séria crise
institucional".
Os líderes petistas e do governo
na Câmara revidaram e classificaram a atitude dos magistrados e
representantes do Ministério Público de "chantagem".
Porém, o presidente não comentou a situação publicamente
desde que voltou da Europa.
A troca de farpas entre os dois
Poderes começou em abril, quando o presidente Lula falou da necessidade de abrir a "caixa-preta"
do Judiciário.
O maior desgaste ocorreu quando Lula afirmou que nem o Congresso nem o Judiciário iriam impedi-lo de colocar o país em posição de destaque.
(LEILA SUWWAN, WILSON SILVEIRA E ELIANE CANTANHÊDE)
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