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Para relator, juízes são incoerentes
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O relator da reforma da Previdência, deputado José Pimentel
(PT-CE), afirmou ontem que considera a greve dos juízes legítima,
mas que estranha o fato de os magistrados não terem feito greve
contra o regime militar.
A crítica do relator foi feita por
causa da ameaça de paralisação
feita por magistrados estaduais e
do Trabalho contra pontos da
proposta de emenda constitucional do governo.
"A greve é legítima e constitucional. Lamento é que, em situações anteriores, quando o Estado
democrático de Direito foi revogado, eles não ameaçaram com
greve. Não vi nenhuma entidade
da magistratura se insurgindo
contra a ditadura em 1964", disse
Pimentel.
O principal argumento da magistratura contra a reforma da
Previdência é que as novas regras
desestimulariam o ingresso na
carreira. Isso, segundo eles, desestabilizaria o Estado democrático
de Direito e criaria uma crise institucional.
A pressão do Judiciário aumentou depois da fixação, no parecer
apresentado por Pimentel na
quinta-feira, do subteto salarial da
categoria nos Estados em 75%
dos rendimentos dos ministros
do STF (Supremo Tribunal Federal). A versão original do texto estabelecia um limite de 90,25%.
A alteração, reduzindo o subteto, foi feita por pressão dos governadores. Assim, um desembargador receberá, no máximo, R$
12.879.
Outra mudança de última hora
foi a redução do limite de isenção
das pensões, de R$ 2.400 para R$
1.058. Sobre a parcela que ultrapassar esse valor, haverá um desconto mínimo de 30%.
Essas duas alterações no texto
desagradaram à base aliada do
governo na Câmara.
"Camaleões"
O deputado Beto Albuquerque
(PSB-RS), um dos vice-líderes do
governo, disse que vai propor a fixação do subteto em 90,25% e o limite das pensões em R$ 2.400. No
entanto, deixaria uma brecha para que os governadores possam
reduzir esses valores por meio de
lei estadual.
"Isso é para os governadores camaleões, que aqui [em Brasília]
defendem uma coisa e nos Estados, outra. Não gostei de chegar
ao Rio Grande do Sul e ver o [governador Germano] Rigotto
[PMDB] dizer que não defendeu
o subteto de 75%", afirmou Albuquerque.
Ele ressaltou, no entanto, que a
intenção é votar o parecer na comissão especial da forma como
está e propor as alterações durante a votação no plenário. O procedimento seria, de acordo com ele,
para não "alimentar esse clima de
insurreição do Judiciário".
O presidente do PT, José Genoino, também criticou o movimento da magistratura: "Na democracia, greve de juiz não tem legitimidade. Quem julga greve de juiz?".
Na Câmara, os principais defensores de regras especiais para o
Judiciário são o PL e o PFL.
Já as lideranças do PT e do governo na Casa acusaram entidades da magistratura e do Ministério Público de "chantagem" pela
afirmação de que há "risco de
uma séria crise institucional".
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