UOL

São Paulo, terça-feira, 22 de julho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONFLITO AGRÁRIO

Integrantes dizem que protesto também é contra "perseguição" do Judiciário

Sem-terra fazem vigília por Rainha

Charles Guerra/RBS
Sem-terra caminham em prol da desapropriação de terra no RS


CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE

No mesmo dia em que o líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) José Rainha Jr., 43, prestava depoimento à Justiça sobre acusações de furto e formação de quadrilha durante uma invasão, cerca de 50 agricultores iniciaram uma vigília em frente à penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).
Os barracos foram erguidos em uma área da prefeitura, a 100 m do portão principal da penitenciária onde Rainha e outro líder, Felinto Procópio dos Santos, o Mineirinho, estão presos desde o dia 11.
"Estamos, com este ato, sendo solidários aos companheiros presos e foragidos. É um protesto contra o Judiciário, que nos persegue", disse o coordenador regional do MST, Wesley Mauch.
A Polícia Militar acompanhou o ato, e o prefeito da cidade, Osvaldo Mello (PT), disse que não pedirá a reintegração de posse da área.
Os trabalhadores são cadastrados no acampamento de Presidente Epitácio, que Rainha comandava até a data de sua prisão. Segundo Diolinda Alves de Souza, mulher de Rainha, a vigília será mantida até a libertação dos presos. "Esta vigília tem também um caráter de grupo de apoio. Os companheiros vão estar aqui acompanhando os acontecimentos e recepcionando as pessoas que vierem visitá-los", disse, referindo-se a artistas e políticos, como a senadora Heloísa Helena (PT-AL), que são esperados na região do Pontal do Paranapanema.
Enquanto a vigília era montada, Rainha e Mineirinho prestavam depoimento ao juiz Fábio Mendes Ferreira, da 3ª Vara Criminal de Presidente Venceslau, que foi à penitenciária para ouvi-los.
Segundo um dos advogados, Roberto Rainha, irmão do líder sem terra, os acusados negaram participação na invasão da fazenda Santa Maria, em julho de 2000.
"O Zé Rainha disse ao juiz que não estava no Pontal nessa época. E o Mineirinho falou que estava no Rio, organizando um evento cultural do MST."
Um dos advogados dos sem-terra, Hamilton Belloto, disse que o deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT), advogado que atua em causas envolvendo o MST, deve entrar hoje com um pedido de habeas corpus no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) vai protocolar na Justiça, até o final desta semana, ação de reintegração de posse de área invadida no fim de semana pelo MST em Euclides da Cunha Paulista, onde o movimento montou seu sétimo acampamento neste ano na região.


Texto Anterior: "Reforma não pode contrariar todos os interesses"
Próximo Texto: Ruralistas acampam ao lado de MST
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.