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INVESTIGAÇÃO
Análise foi feita pela PF na contabilidade de Toninho da Barcelona; superintendente em SP comprou US$ 134,6 mil
Doleiro movimenta US$ 2,6 mi com policiais
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A análise preliminar da inteligência da Polícia Federal sobre
parte da contabilidade de Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, sugere que ao
menos 12 policiais foram clientes
do doleiro entre 1997 e 2003, com
movimento de US$ 2,59 milhão.
O superintendente da PF em
São Paulo, delegado Francisco
Baltazar da Silva, está no grupo de
policiais. Entre 1997 e 2002, comprou US$ 134,6 mil. As movimentações mais expressivas, porém,
são atribuídas aos agentes Ricardo Branco, que comprou US$
572,74 mil e vendeu US$ 291,41
mil, e Jonson Lara Júnior, que adquiriu US$ 356,45 mil e vendeu
US$ 38,28 mil, segundo o relatório da equipe de inteligência.
O documento da PF foi encaminhado à 6ª Vara da Justiça Federal, em São Paulo, na qual tramita
ação penal contra Barcelona.
A equipe de inteligência teve como ponto de partida uma denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal em março do ano
passado, na qual o doleiro é acusado de crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
Ao propor a ação penal, os procuradores fazem referência a cinco delegados e quatro agentes da
Polícia Federal que teriam negócios com Barcelona. Esse foi o primeiro grupo a ser rastreado.
Outra parte da análise, que teve
como matéria-prima 18 arquivos
gravados em três discos rígidos de
computador em um programa
batizado de Bater, utilizou 11 palavras-chaves. Entre elas, estão PF,
Polícia Federal, delegado, advogado, procurador, desembargador e
Tribunal de Justiça. Com esse filtro, a equipe de inteligência chegou aos outros clientes do doleiro.
Além dos policiais federais, no
conjunto analisado de 21 nomes
consta movimentação atribuída a
dois funcionários de um "Tribunal de Justiça", ao subprocurador-geral da República Henrique
Fagundes Filho, ao juiz Aroldo José Washington, da 4ª Vara Cível
da Justiça Federal em São Paulo,
que teria comprado US$ 14 mil, e
ao advogado Carlos Alberto da
Costa e Silva, preso em outubro
último pela Operação Anaconda.
A pesquisa realizada pela PF
partindo do nome do delegado
Mário Sérgio Abdo, por exemplo,
encontrou três correspondências:
"Abdo Careca", "Abdo Camelo" e
"Abdo 422". Entre elas, a maior
movimentação é a de "Camelo":
entre 1999 e 2001, vendeu US$
36,46 mil; de 1998 a 2003, comprou US$ 256,79 mil. Já o nome
do delegado Paulo Miyoshi consta da contabilidade associado ao
de sua mulher, Isaura Almeida
Aiosa, que teria comprado US$
288,26 mil entre 1999 e 2001.
As compras de dólar, num total
de US$ 207 mil, atribuídas ao subprocurador-geral Henrique Fagundes também estão associadas
ao advogado Gustavo Eid Bianchi, que foi estagiário do escritório do subprocurador em São
Paulo. Ambos admitem conhecer
Barcelona, mas negam ter comprado dólar. Afirmam que apenas
trocaram cheques com o doleiro.
Há ao menos outros quatro nomes a identificar associados às palavras-chaves "PF" e "Polícia Federal". Exemplo é um cliente chamado "Peãozinho", que comprou
US$ 97 mil entre 1996 e 1999.
Colaborou RUBENS VALENTE, da
Reportagem Local
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