São Paulo, Quinta-feira, 22 de Julho de 1999
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MUDANÇA MINISTERIAL
Dispensado por FHC, ex-ministro não conteve lágrimas ao transmitir Ciência e Tecnologia
Bresser afirma que foi "surpreendido"

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília


O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Luiz Carlos Bresser Pereira afirmou ontem que foi "surpreendido com a decisão do presidente (Fernando Henrique Cardoso)" de o retirar do ministério.
A declaração ocorreu na solenidade de transmissão do cargo para seu substituto, embaixador Ronaldo Sardenberg.
"A vida nos reserva sempre surpresas", disse Bresser Pereira, ao abrir seu discurso de despedida. Segundo ele, também havia sido uma surpresa o convite de FHC, em dezembro passado, para ser ministro da Ciência e Tecnologia.
Sardenberg afirmou que, embora o assunto ainda deva ser decidido pelo presidente, espera que a maior parte dos temas sob sua responsabilidade em seu cargo anterior, de ministro de Projetos Especiais, passe para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Entre eles, os programas espacial e nuclear brasileiro e os sistemas de vigilância e proteção da Amazônia (Sivam/Sipam).
Bresser Pereira mostrou dificuldades para conter lágrimas quando começou a agradecer seus colaboradores, entre eles o secretário-executivo, Carlos Pacheco, que deverá ser mantido no cargo pelo novo ministro.
Lamentou não ter conseguido realizar seus objetivos no ministério: "O trabalho estava ainda no começo e foi interrompido". Mas afirmou estar "seguro de que, depois de fazer as correções de rota que julgar necessárias, Sardenberg conseguirá fazer avançar a ciência no país".
Em entrevista, o novo ministro disse que ainda está estudando os novos assuntos pelos quais será responsável.
Evitou tomar posição sobre os mais polêmicos, dizendo que pretende ouvir a comunidade científica e a opinião pública antes de opinar. Por exemplo, no caso dos produtos alimentares geneticamente modificados.
A respeito deles, Bresser Pereira afirmou que há, entre os cientistas brasileiros, "uma quase unanimidade" de que são seguros para a saúde e o meio ambiente, "desde que examinados caso a caso".
Sardenberg foi taxativo, no entanto, em relação à participação do Brasil no projeto da estação espacial internacional. Disse que o país vai "honrar os compromissos assumidos" com os outros 15 países que participam do projeto.
Afirmou ainda que o pagamento de dívidas do Brasil já vencidas referentes à estação espacial é um assunto que "está nas mãos do presidente da República".
O novo ministro reafirmou que suas prioridades serão as quatro áreas para as quais FHC lhe pediu mais atenção na cerimônia de posse do novo Ministério: Internet 2, biotecnologia, programa aeroespacial e ciências sociais.
Disse, ainda, que pretende "abrir caminho para que as iniciativas brasileiras no campo das aplicações tecnológicas possam ser comercializadas no mercado internacional".


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