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MUDANÇA MINISTERIAL
Dispensado por FHC, ex-ministro não conteve lágrimas ao transmitir Ciência e Tecnologia
Bresser afirma que foi "surpreendido"
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O ex-ministro da Ciência e Tecnologia Luiz Carlos Bresser Pereira afirmou ontem que foi "surpreendido com a decisão do presidente (Fernando Henrique Cardoso)" de o retirar do ministério.
A declaração ocorreu na solenidade de transmissão do cargo para seu substituto, embaixador Ronaldo Sardenberg.
"A vida nos reserva sempre surpresas", disse Bresser Pereira, ao
abrir seu discurso de despedida.
Segundo ele, também havia sido
uma surpresa o convite de FHC,
em dezembro passado, para ser
ministro da Ciência e Tecnologia.
Sardenberg afirmou que, embora o assunto ainda deva ser decidido pelo presidente, espera que a
maior parte dos temas sob sua
responsabilidade em seu cargo
anterior, de ministro de Projetos
Especiais, passe para o Ministério
da Ciência e Tecnologia.
Entre eles, os programas espacial e nuclear brasileiro e os sistemas de vigilância e proteção da
Amazônia (Sivam/Sipam).
Bresser Pereira mostrou dificuldades para conter lágrimas quando começou a agradecer seus colaboradores, entre eles o secretário-executivo, Carlos Pacheco,
que deverá ser mantido no cargo
pelo novo ministro.
Lamentou não ter conseguido
realizar seus objetivos no ministério: "O trabalho estava ainda no
começo e foi interrompido". Mas
afirmou estar "seguro de que, depois de fazer as correções de rota
que julgar necessárias, Sardenberg conseguirá fazer avançar a
ciência no país".
Em entrevista, o novo ministro
disse que ainda está estudando os
novos assuntos pelos quais será
responsável.
Evitou tomar posição sobre os
mais polêmicos, dizendo que pretende ouvir a comunidade científica e a opinião pública antes de
opinar. Por exemplo, no caso dos
produtos alimentares geneticamente modificados.
A respeito deles, Bresser Pereira
afirmou que há, entre os cientistas
brasileiros, "uma quase unanimidade" de que são seguros para a
saúde e o meio ambiente, "desde
que examinados caso a caso".
Sardenberg foi taxativo, no entanto, em relação à participação
do Brasil no projeto da estação espacial internacional. Disse que o
país vai "honrar os compromissos assumidos" com os outros 15
países que participam do projeto.
Afirmou ainda que o pagamento de dívidas do Brasil já vencidas
referentes à estação espacial é um
assunto que "está nas mãos do
presidente da República".
O novo ministro reafirmou que
suas prioridades serão as quatro
áreas para as quais FHC lhe pediu
mais atenção na cerimônia de
posse do novo Ministério: Internet 2, biotecnologia, programa
aeroespacial e ciências sociais.
Disse, ainda, que pretende
"abrir caminho para que as iniciativas brasileiras no campo das
aplicações tecnológicas possam
ser comercializadas no mercado
internacional".
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