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IGREJA
Pedido foi feito por evangélicos em audiência com ministro
Dornelles atende a deputados e cancela sindicato de pastores
PATRICIA ZORZAN
da Reportagem Local
Atendendo a um pedido da
bancada evangélica da Câmara
dos Deputados, o ministro do
Trabalho e Emprego, Francisco
Dornelles (PPB), cancelou o registro que permitia o funcionamento do Sindicato dos Ministros
de Cultos Religiosos Evangélicos e
Trabalhadores Assemelhados no
Estado de São Paulo (Simeesp).
Apesar de a Carta Sindical do
ministério reconhecendo a existência oficial do sindicato ter sido
publicada no ""Diário Oficial" da
União em 22 de abril de 99, um
despacho de Dornelles anulando
o registro foi expedido em 21 de
junho -cinco dias depois de
uma reunião entre o ministro, representantes da bancada evangélica e líderes religiosos.
A decisão foi comunicada ao
presidente do Simeesp, pastor José Lauro Coutinho, da Assembléia de Deus, em uma carta enviada pelo deputado Paulo De Velasco (PST-SP), ligado à Igreja
Universal do Reino de Deus. ""(...)
Temos a satisfação de comunicar-lhe que o ministro do Trabalho e
Emprego, doutor Francisco Dornelles, cumprindo a palavra empenhada quando de nossa visita
ao seu gabinete em 16 de junho,
houve por bem cancelar o registro
do sindicato", diz a carta.
A audiência, marcada em nome
do deputado Wagner Salustiano
-membro da Universal e, assim
como Dornelles, filiado ao PPB-
, foi confirmada pela secretária do
ministro, Graça, e pelo próprio
pastor De Velasco.
""Fomos conversar e fazer com
que o ministro visse a impropriedade de um sindicato como esse.
O trabalho do pastor é espiritual,
não é como o de um operário. Ele
disse que concordava e já saímos
de lá com uma resposta dele nesse
sentido (de que o registro seria
cancelado)", afirmou De Velasco.
Na avaliação do Simeesp -que
já impetrou mandado de segurança contra a decisão de Dornelles-, as igrejas evangélicas pressionaram o governo por ""medo"
dos encargos trabalhistas.
Entre as reivindicações do sindicato estão piso salarial de R$
528,00, 13º salário, aviso prévio e
registro em Carteira de Trabalho.
Levantamento feito pelo Tribunal Regional do Trabalho de São
Paulo indica que foram propostas
3 ações contra igrejas em 93 na capital. Em 98, foram 80 e somente
até maio deste ano, 53.
A Universal, da qual De Velasco
é secretário-geral, lidera o ranking de igrejas evangélicas processadas na Justiça do Trabalho
da cidade de São Paulo. Das 238
ações propostas desde 93, 67 têm
a Universal como alvo.
""Isso não tem nada a ver com o
fato de sermos contra o sindicato.
Quem conhece a palavra de Deus
sabe que há uma chamada. O indivíduo se apresenta para o serviço religioso sem vínculo empregatício", argumenta De Velasco.
O ministério informou que o registro sindical do Simeesp foi cancelado porque, além de a função
de pastor não ser considerada pela pasta uma categoria econômica, houve 17 pedidos de impugnação feitos por outros sindicatos.
""Desconheço essa reunião com
o ministro e a ação política no caso. Mas houve um engano no processo e a obrigação do ministério
é corrigir isso", disse o secretário
de Relações do Trabalho do ministério, Murilo de Oliveira.
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