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PT X PT
Deputados que se abstiveram em votação repudiam demissão de marido de Maninha
Petista acusa governo de "ignomínia"
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O grupo de deputados do PT
que se absteve na votação da reforma da Previdência em primeiro turno, contrariando o Planalto,
repudiou a demissão do diretor-executivo da Funasa (Fundação
Nacional de Saúde), Antônio Carlos de Andrade, marido da deputada Maninha (PT-DF). O governo decidiu demitir Andrade em
retaliação à atitude de Maninha.
Os parlamentares que se abstiveram afirmam que vão repetir o
voto no segundo turno. "Isso foge
a qualquer padrão ao misturar relações pessoais. É uma ignomínia
[infâmia]. A punição deveria ser
em relação aos deputados, uma
decisão de partido, baseada em
regras claras", afirmou o deputado Chico Alencar (RJ).
O grupo se reuniu ontem para
prestar solidariedade a Maninha e
avaliar a situação. Somente o deputado Orlando Fantazzini (SP)
não estava presente.
Como a decisão ainda não foi
publicada no "Diário Oficial", os
petistas esperam que a demissão
seja revista pelo Planalto.
Anteontem, o Ministério da
Saúde informou que "a demissão
foi uma decisão de governo, seguida pelo ministério, e está relacionada à votação da reforma da
Previdência, quando a deputada
Maninha não seguiu a orientação
do governo".
Em Curitiba, a deputada Luciana Genro (PT-RS) comparou o
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva aos governos que adotam a
política do "toma lá, dá cá" para
garantir aprovação de seus projetos no Congresso. "Aqueles que
não cedem nem com cargos, nem
com verbas, eles ameaçam com
retaliações", disse.
"[O governo do PT] usa os mesmos instrumentos que os governos tradicionais usaram para
chantagear os deputados. Vimos
agora, pelo caso de Cargos de Natureza Especial [os CNEs] que a
Mesa Diretora [da Câmara] tem,
que até na administração da Câmara dos Deputados a mesma lógica de troca de favores continua
se perpetuando", afirmou
Em Brasília, o líder do PSDB no
Senado, Arthur Virgílio (AM),
afirmou que a demissão revela
que o governo "politizou" e
"amesquinhou" o órgão. "Fica difícil aceitar que o governo tenha
nomeado alguém sem competência para a direção da Funasa, só
pelo fato de ser o marido de uma
deputada. E fica difícil aceitar que,
se foi nomeado por ser um grande
técnico e competente, tenha sido
demitido em função do voto da
mulher. Isso é um desvão", disse.
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