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São Paulo, sexta-feira, 22 de agosto de 2003

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PT X PT

Deputados que se abstiveram em votação repudiam demissão de marido de Maninha

Petista acusa governo de "ignomínia"

DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo de deputados do PT que se absteve na votação da reforma da Previdência em primeiro turno, contrariando o Planalto, repudiou a demissão do diretor-executivo da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Antônio Carlos de Andrade, marido da deputada Maninha (PT-DF). O governo decidiu demitir Andrade em retaliação à atitude de Maninha.
Os parlamentares que se abstiveram afirmam que vão repetir o voto no segundo turno. "Isso foge a qualquer padrão ao misturar relações pessoais. É uma ignomínia [infâmia]. A punição deveria ser em relação aos deputados, uma decisão de partido, baseada em regras claras", afirmou o deputado Chico Alencar (RJ).
O grupo se reuniu ontem para prestar solidariedade a Maninha e avaliar a situação. Somente o deputado Orlando Fantazzini (SP) não estava presente.
Como a decisão ainda não foi publicada no "Diário Oficial", os petistas esperam que a demissão seja revista pelo Planalto.
Anteontem, o Ministério da Saúde informou que "a demissão foi uma decisão de governo, seguida pelo ministério, e está relacionada à votação da reforma da Previdência, quando a deputada Maninha não seguiu a orientação do governo".
Em Curitiba, a deputada Luciana Genro (PT-RS) comparou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva aos governos que adotam a política do "toma lá, dá cá" para garantir aprovação de seus projetos no Congresso. "Aqueles que não cedem nem com cargos, nem com verbas, eles ameaçam com retaliações", disse.
"[O governo do PT] usa os mesmos instrumentos que os governos tradicionais usaram para chantagear os deputados. Vimos agora, pelo caso de Cargos de Natureza Especial [os CNEs] que a Mesa Diretora [da Câmara] tem, que até na administração da Câmara dos Deputados a mesma lógica de troca de favores continua se perpetuando", afirmou
Em Brasília, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), afirmou que a demissão revela que o governo "politizou" e "amesquinhou" o órgão. "Fica difícil aceitar que o governo tenha nomeado alguém sem competência para a direção da Funasa, só pelo fato de ser o marido de uma deputada. E fica difícil aceitar que, se foi nomeado por ser um grande técnico e competente, tenha sido demitido em função do voto da mulher. Isso é um desvão", disse.


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