São Paulo, domingo, 22 de agosto de 2004

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PAINEL

Dívida de sangue 1
No Palácio do Planalto, há quem enxergue um benefício adicional na medida provisória que garantiu situação de ministro e conseqüente foro privilegiado ao presidente do Banco Central: agora, Henrique Meirelles precisa do governo mais do que o governo precisa dele.

Dívida de sangue 2
De acordo com esse raciocínio, Meirelles chegou na condição de "credor" a um governo que já havia sido esnobado por vários convidados a presidir o BC. Hoje, depende da blindagem que lhe foi ofertada por Lula para a sobrevivência de sua tão sonhada carreira política.

Guizo no gato
Também a cúpula do PT se considera um tanto fiadora da segurança concedida a Meirelles pelo status de ministro. E acredita que sua relativa fragilidade política venha a ser útil para conter excessiva ortodoxia por parte do Banco Central.

Passe livre
O Planalto não foi o único palácio visitado recentemente por Delúbio Soares. O tesoureiro petista esteve no Alvorada para explicar pessoalmente a Lula a compra de terras feita por sua família no interior de Goiás. Foi há duas semanas, no mesmo dia em que se noticiou a transação.

Forno e fogão 1
Está instalado no governo, e não na oposição, o microondas utilizado para esquentar, nos últimos dias, a idéia de que será Tasso Jereissati o candidato do PSDB à Presidência da República daqui a dois anos. A operação tem o objetivo singelo de queimar o senador cearense.

Forno e fogão 2
O mesmo forno aquece história segundo a qual Geraldo Alckmin já teria decidido concorrer ao Senado em 2006. Como se o governador tucano não soubesse bem que Eduardo Suplicy (PT) é candidato quase imbatível à única vaga disponível para São Paulo.

Divisão de tarefas
Está praticamente encerrada a negociação de varejo conduzida por José Dirceu para viabilizar a reeleição dos presidentes da Câmara, João Paulo, e do Senado, José Sarney. Sobrará para Aldo Rebelo convencer o indócil senador Renan Calheiros (PMDB) a aceitar o fato consumado.

Venda domiciliar
Os visitadores da campanha de Marta Suplicy são motivo de preocupação para vários institutos de pesquisa, que já procuram estimar o impacto da passagem do "exército vermelho" sobre o eleitorado paulistano.

Zona cinzenta
Foram detectados casos de visitadores da campanha petista que se apresentaram como pesquisadores "comuns" para facilitar o acesso ao domicílio. Institutos temem que a confusão possa gerar atritos com o eleitor e dificultar a coleta de dados.

Mapa da mina
Pelo menos um instituto já chegou a número de monta ao medir o alcance da varredura promovida pelos visitadores remunerados do PT, notadamente nas periferias sul e leste.

Vou de táxi
Enquanto Maluf corteja os motoboys, Serra recebe nesta semana o cobiçado apoio do Sindicato dos Taxistas de São Paulo, ex-reduto do candidato do PP. A entidade flertou com Marta, mas, após uma relação de altos e baixos nos últimos quatro anos, ficará com o tucano.

Território conhecido
Sem eleição em Brasilía, o ex-governador do DF Cristovam Buarque escolheu Pernambuco, seu Estado natal, para estrear nos palanques deste ano. Hoje, o senador pedirá votos na companhia do petista João Paulo, candidato à reeleição em Recife.

TIROTEIO

De Fábio Konder Comparato, professor titular da Faculdade de Direito da USP e especialista em direito constitucional, sobre elogio feito por José Genoino ao presidente do STF, Nelson Jobim, que teria colocado o tribunal "nos eixos" com a vitória da cobrança previdenciária dos servidores públicos inativos:
-Não sabíamos que o Supremo Tribunal Federal era um vagão puxado pelo governo.

CONTRAPONTO

Eficiência em demasia

Candidato à reeleição em Aracaju, Marcelo Déda foi a Brasília recolher depoimentos para o horário gratuito. Como tinha um encontro com Antonio Palocci, levou consigo o secretário de Finanças, Nilson Lima.
A caminho da audiência, cruzou com o deputado Roberto Magalhães (PTB-PE), ex-prefeito de Recife que tentou a reeleição em 2000, mas perdeu para o petista João Paulo, agora em busca de um segundo mandato.
Magalhães elogiou Déda. Disse sempre ter achado que um dia ele seria governador de Sergipe. Aproveitando a deixa, o prefeito apresentou seu secretário:
-Meu sucesso se deve a esse rapaz. Ele é excelente!
Magalhães retrucou:
-Só espero que não seja tão bom quanto era o meu secretário de Finanças em Recife.
Déda ficou intrigado.
-Ele era tão bom que deixou R$ 70 mi para o João Paulo!


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